De A a Z para a Música na Educação

De A a Z para a Música na Educação... por Kiko Pereira

Kiko Pereira

Francisco “Kiko” Pereira é um dos mais reputados cantores de Jazz portugueses com uma carreira de mais de 20 anos tendo lançado e participado em vários álbuns e atuado ao lado dos mais importantes músicos e projetos de Jazz portugueses e estrangeiros nos mais relevantes festivais.

Tem o Mestrado em Interpretação Artística em Jazz e o Mestrado em Ensino da Música pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE). É docente de Canto Jazz na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto e no Conservatório de Música do Porto.

Atualmente está a ultimar o seu mais recente trabalho discográfico com o projeto “Kite” com o pianista Telmo Marques, o contrabaixista José Carlos Barbosa e o baterista João Cunha.

Clique no seguinte link para ler este A a Z:

A

de Armstrong Louis (4 Ago 1901 / 6 Jul 1971). Foi a primeira superestrela do Jazz. Satchmo ou Pops foi o grande inovador e a sua influência tem um alcance que percorre a história do Jazz, tendo definido alguns dos cânones mais institucionalizados, como o formato Tema – Solo – Tema. Uma figura carismática, tanto pela voz inconfundível, como pelo som poderoso da trompete, a música foi o meio para sair da pobreza extrema onde nasceu e se tornar uma das figuras mais queridas e respeitadas do século XX. As suas gravações com os seus Hot Five, e mais tarde com Hot Seven, são lendárias.

Louis Armstrong - West End Blues 1928

B

de Bop ou Bebop.Este foi o nome dado ao movimento musical iniciado em Nova Iorque nos inícios da década de 40 e surge como um distanciamento do swing e das linguagens mais comuns do Jazz da época. O bom carateriza-se por tempos rápidos, estruturas harmónicas complexas e virtuosismo técnico. Os músicos procuravam exceder-se em rapidez e complexidade, estando as composições ao serviço do improviso, com as melodias a servir para lançar o mote. O bop foi o percursor de vários movimentos posteriores como o Cool ou o Hard. Charlie Parker, Dizzie Gillespie, Bud Powell, Max Roach foram alguns dos instrumentistas importantes nesta viagem.

Bud Powell - Anthropology (1962)

C

de Coltrane John (23 Set 1926 / 17 Jul 1967). Assim como Armstrong deu ao Jazz tradicional uma nova sofisticação, Coltrane foi um dos grandes responsáveis por expandir a música numa busca constante que transformou o Jazz. Compositor e instrumentista, foi um inovador a nível estético e um instrumentista de tal ordem influente que ainda hoje, passados 50 anos da sua morte, continua a ser uma das referências maiores do saxofone. Em constante evolução desde os seus primeiros dias como elemento do quinteto de Miles Davis, Coltrane procurou aprofundar cada vez mais a sua linguagem e estilo, tendo levado ao limite as possibilidades do saxofone em improvisos cada vez mais poderosos, complexos e livres.

John Coltrane Live in Germany 1960

D

de Davis, Miles (25 Mai 1926 / 28 Set 91). Miles Davis esteve sempre na linha da frente dos movimentos mais representativos do Jazz ao longo dos seus cerca de 50 anos como instrumentista, compositor e líder de algumas das formações mais celebradas da história. Visionário, procurou inovar e explorar novas e mais ousadas formas de viver a música. Esteve na vanguarda de muitos dos movimentos mais importantes desde o Bop, o Cool, ou a Fusão. Dos vários álbuns que gravou posso referir alguns que ilustram este percurso como “Birth of the Cool” (1957), “Milestones” (1958), “Sketches of Spain” (1960), “ESP” (1965) ou “Bitches Brew” de 1970. Os seus inúmeros projetos e formações foram espaço de desenvolvimento de dezenas de músicos como Herbie Hancock, Tony Williams, Dave Holland, Chick Corea, Keith Jarret, Wayne Shorter, para citar apenas alguns.

Miles Davis Quintet, 1967

E

de Ellington, Duke (29 Mai 1899 / 24 Mai 1974). Duke Ellington foi, e continua a ser, um dos nomes mais importantes da música Americana. As suas orquestras das décadas de 20 e 30 foram exemplo de um novo e mais sofisticado som que ajudou a definir o que seria apelidado de "a era do Swing". Apesar de pianista com créditos firmados, o seu instrumento por excelência foi a Orquestra, compondo a pensar especificamente nos seus integrantes procurando extrair o melhor que tinham de forma a tornar o som total mais coeso e excitante. A obra de Ellington é, pela sua extensão e qualidade, um património musical ímpar que lhe valeu, a título póstumo, um prémio Pulitzer. São dele algumas das composições mais conhecidas do repertório como “Take the A-Train”, “Don’t get around much anymore”, “It don’t mean a thing (if it ain’t got that swing)”, “Sophisticated Lady” ou “In a mellow tone”.

Duke Ellington - Satin Doll

F

de Fitzgerald, Ella (25 Abr 1918 / 15 Jun 96). Ella Fitzgerald, tornou-se pela alegria da sua voz, virtuosismo do seu scat e energia das suas atuações a “First Lady of Song”. A sua dicção quase perfeita, a sua mestria em executar as melodias mais complexas sem mácula e a sua capacidade quase inesgotável de improviso granjearam-lhe o respeito de críticos, entusiastas e músicos. Ella foi um prodígio que vivia para o palco, pois sempre procurou manter a sua vida pessoal longe do público que a idolatrava, evitando entrevistas e exposição mediática. Apesar de ter realizado dezenas de gravações em estúdio, são as suas prestações ao vivo que servem de testemunho ao seu talento como cantora e improvisadora. Alguns exemplos da sua vasta discografia são “Ella in Rome”, “Ella in Berlin”, “Twelve nights in Hollywood” ou “Ella in Budapest”.

ELLA FITZGERALD with Tommy Flanagan Trio at Montreux 1969

G

de Granz, Norman (6 Ago 1918 / 22 Nov 01). Foi um empresário que teve um papel de enorme importância ao tornar o jazz num fenómeno Americano e mais tarde mundial. Fundou várias editoras (entre as quais a Verve), foi empresário das maiores estrelas do Jazz (como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Count Basie ou Anita O’Day) e foi um campeão na luta contra a discriminação de músicos negros e contra a segregação de públicos. Foi igualmente o mentor dos concertos itinerantes “Jazz at the Philarmonic”, responsáveis por levar em tournée vários dos artistas e projetos mais representativos do Jazz, permitindo um contacto mais próximo do público com as suas vedetas.

Norman Granz Jazz at the Philharmonic (1956)

H

de Holiday, Billie (7 Abr 1915 / 17 Jul 1959). Também chamada Lady Day, epiteto atribuído pelo saxofonista Lester Young, nasceu Elanora Fagen. Suportou várias agruras e dificuldades e tornou-se uma cantora que revolucionou o meio jazzístico com as suas interpretações profundas e tocantes. O seu fraseado relaxado, a ligação com os poemas que interpretava de forma apaixonada e o seu estilo (reflexo de uma existência marcada pelo abuso, dependência e descriminação) tornaram-na num dos maiores ícones do Jazz. Frank Sinatra confessou ter sido Lady Day uma das influências mais profundas na sua carreira. Para ouvir temas como “Billie’s Blues”, “Strange Fruit”, Trav’lin Light”, “God Bless the Child” e “Fine and Mellow” (ver Jam Session para ouvir e ver Billie em acção).

I

de Improvisação. A essência do Jazz, a improvisação é a razão de ser desta música em que cada interpretação busca algo especial, inédito, original, criativo, profundo, intenso e único. Geralmente o improvisador parte de uma base, ou tema, sobre o qual irá dar largas à sua sensibilidade criativa. Esta busca revela a singularidade de cada músico e permite uma infinidade de interpretações e visões do mesmo tema.

Improvisational jazz performance: Peter Epstein at TEDxUniversityofNevada

J

de Jam Session. Uma das razões pela qual o Jazz e as suas várias linguagens se desenvolveram tanto e tão depressa reside na Jam Session. São ajuntamentos, mais ou menos informais, de músicos de várias proveniências para tocar e improvisar sobre temas do repertório comum. As Jams de clubes nova-iorquinos como o Minton’s tornaram-se ponto de passagem obrigatória para jovens em busca de reconhecimento. Muitos eram convidados (de formas mais ou menos “amigáveis”) a sair de palco por não estarem à altura dos “requisitos mínimos”. Estas contrariedades tinham porém, o condão de levar os jovens a estudar mais afincadamente para voltarem aptos. Essa curva intensa de aprendizagem foi responsável pelo salto enorme, em termos qualitativos, que se notou a partir da década de 40. São vários os relatos da importância da Jam Session no desenvolvimento de músicos como Miles Davis, Charles Mingus, Ella Fitzgerald e outros. Ainda hoje essa tradição é mantida um pouco por todo o mundo e permite que músicos de proveniências, culturas e gerações distintas sejam capazes de comunicar e criar algo de único e irrepetível. Aqui fica um registo em ambiente de Jam com Billie Holiday, Ben Webster, tenor saxophone, Lester Young - tenor saxophone, Vic Dickenson - trombone, Gerry Mulligan - baritone saxophone, Coleman Hawkins - tenor saxophone, Roy Eldridge - trumpet, Doc Cheatham - trumpet, Danny Barker - guitar, Milt Hinton - double bass, Mal Waldron - piano and Osie Johnson – drums.

Fine and mellow (1957)

K

de "Kind of Blue”. O disco de Miles Davis é um dos mais acarinhados da história sendo, alegadamente, o mais vendido de sempre. Gravado em 1959 é constituído por um conjunto de composições baseados em modos e num ambiente que se afastava da linguagem do bop. A formação contou com os músicos Cannonball Adderley (sax alto), John Coltrane (sax tenor), Miles Davis (trompete), Bill Evans e Wynton Kelly (piano), Paul Chambers (contrabaixo) e Jimmy Cobb (bateria). O resultado foi uma obra única e um conjunto de improvisações inspiradas.

Miles Davis - Kind of Blue - 1959

L

de Latin. Quando se fala de Jazz e as suas origens geralmente considera-se como o resultado da mistura dos ritmos tribais africanos e a harmonia e tradição musical europeia. Mas o Jazz não seria a expressão musical que conhecemos sem o contributo dos ritmos das caraíbas e do sul da América. Nos anos 30 e 40 com a chegada de vários músicos latino-americanos a Nova Iorque, nomeadamente de Cuba, os estilos rapidamente se misturaram. Músicos como Mongo Santamaria, Tito Puente, Chucho Valdés ou Paquito D’Rivera deram um contributo à propagação desta influência. A descoberta do Brasil pelo Jazz com o aparecimento da Bossa Nova no panorama musical teve um impacto importante. As composições de António Carlos Jobim e a presença de músicos como João e Astrud Gilberto, Airto Moreira, Flora Purim ou Sérgio Mendes em Nova Iorque, foram uma influência decisiva para que estas tendências e expressões se tornassem parte integrante da linguagem e do repertório. Como exemplo desta miscigenação apresento a United Nation Orchestra de Dizzie Gillespie e a eterna “garota” do jazz na versão de Astrud Gilberto e Stan Getz.

Dizzy Gillespie and The United Nation Orchestra

Astrud Gilberto and Stan Getz ◊ The Girl From Ipanema

M

de Monk, Thelonius (10 Out 1917/ 17 Fev 1982). Apesar de ser considerado uma figura fundamental no desenvolvimento estético do Jazz, Monk foi algo incompreendido pelos seus contemporâneos devido à sua música e personalidade peculiar. Foi preciso uma década, de uma existência mais ou menos obscura, para que a sua genialidade fosse reconhecida. Numa época em que a fama estava reservada para os instrumentistas, Monk foi-o pelas suas composições com melodias arrojadas e ritmicamente exigentes para além da utilização de progressões harmónicas complexas e inesperadas. Muitas das suas composições são clássicos como “Round Midnight”, “Straight No Chaser”, “Misterioso” ou “In Walked Bud”. Apesar de lhe serem creditadas cerca de 70 composições é o segundo compositor mais gravado da história superado apenas por Duke Ellington (que compôs mais de 1000). A (re)descobrir no centenário do seu nascimento.

Thelonious Monk - Live At Berliner Jazztage (1969)

N

de NewOrleans. Esta é a cidade onde todo o movimento, que mais tarde viria a ser conhecido por Jazz, teve o seu impulso inicial e mais intenso. Local de coexistência mais ou menos pacífica entre culturas africanas e europeias foi igualmente uma rota de acesso ao norte de uma América em desenvolvimento profundo. Foi de lá que a tradição se misturou com a modernidade e se iniciou a diáspora do Blues, do Boogie Woogie, do Dixie e de outras manifestações, que seriam mais tarde cunhadas de New Orleans Jazz. Ainda hoje se vive e respira as raízes do Jazz na Bourbon Street ou na Basin Street. Como ilustração, deixo a primeira gravação conhecida de Jazz (na altura de chamava Jass) e “Do you know what it means to Miss New Orleans” com Billie Holiday e Louis Armstrong.

Original Dixieland Jazz Band "Dixie Jass Band One Step" 1917

Billie Holiday - Do You Know What It Means To Miss New Orleans

O

de Orquestras. De Count Basie a Jimmy Lunceford, de Duke Ellington a Benny Goodman, de Chick Webb a Fletcher Henderson, as Orquestras de Jazz, ou Big Bands, deram um contributo muito importante para a divulgação do Jazz pelo país pelas tournées que realizaram um pouco por toda a América, e mais tarde pela Europa, mas também pela difusão das suas criações pela rádio. Conhecida pela época do swing (década de 30 e início de 40) as orquestras não só levaram a música ao mundo, como foram escola para muitos jovens músicos que viriam a tornar-se artistas a nível global como Frank Sinatra (na Orq. de Tommy Dorsey), Ella Fitzgerald (na de Chick Webb) ou Dizzie Gillespie, Dexter Gordon, Miles Davis, Sarah Vaughan que foram integrantes da Big Band de Billy Eckstine. Como ilustração, incluo um link da Orquestra de Jazz de Matosinhos que tem sido um dos projetos mais importantes na divulgação do Jazz e compositores nacionais pelo mundo.

Turns - OJM + Kurt Rosenwinkel, Aliados, Porto, 2013

P

de Parker, Charlie (29 Ago 20 / 12 Mar 55). Conhecido igualmente por Yardbird, ou apenas Bird, Parker salienta-se no Jazz pelo virtuosismo, energia e inovação. A sua aparição nas noites de Nova Iorque foi uma revolução que deslumbrou público e músicos. Viveu a vida como viveu a música, de forma rápida, cheia e intensa, tendo encontrado a morte aos 34 anos (o relatório do médico legista indicou uma idade aparente de mais de 60). Apesar de fugaz, a sua carreira teve um impacto tão profundo no Jazz que ainda hoje é uma referência incontornável no seu estudo para gerações de apreciadores das suas inúmeras gravações. Algumas das suas composições mais conhecidas são “Donna Lee”, “Confirmation”, “Ornithology”, “Scrapple from the apple” e “Yardbird Suite”. Em 1988 Clint Eastwood realizou o filme “Bird” que retrata a vida e música deste artista genial.

Charlie Parker and Dizzy Gillespie - Hot house

Clint Eastwood "Bird" Charlie Parker Story - Trailer

Q

de Quintette du Hot Club de France. Formado em 1934 por Luis Viola, Joseph Reinhardt, Roger Chaput, Stéphane Grapelli e Django Reinhardt, foi um dos primeiros exemplos do efeito do Jazz no Mundo, e consequentemente, do Mundo no Jazz. A sonoridade resultante da apropriação de Django Reinhardt dos sons vindos da América aliada à sua técnica peculiar e forte ligação à cultura de onde era originário tornou-se um estilo a que se chamou Jazz Manouche. A realidade do Jazz reside na sua capacidade metamórfica, em constante fusão com linguagens musicais e culturais dos músicos que o interpretam criando sempre novas sonoridades. Podemos sentir esta miscigenação musical por todo o mundo onde existem comunidades ligadas ao jazz.

Django Reinhardt and Stephane Grappelli - The Ultimate Collection

R

de Riddle, Nelson (1 Jun 21 / 6 Out 85). A presença de Nelson Riddle nesta listagem serve de homenagem a todos os grandes profissionais que fizeram, ensaiaram e produziram alguns dos arranjos mais excitantes da história. O seu trabalho com Ella Fitzgerald e Frank Sinatra são um testemunho à sua capacidade de criar ambientes propícios à magia dos solistas. Outros arranjadores cujo trabalho se aconselha a descobrir são Neil Hefti, Billy Strayhorn, Gil Evans, Bob Brookmeyer, Sammy Nestico, Herny Mancini, Quincy Jones, Vince Mendonza, Don Costa, Gordon Jenkins, entre tantos outros.

Frank Sinatra and Nelson Riddle Orchestra playing Witchcrat

S

de Scat. Este é o nome que se dá ao conjunto de vocábulos e sílabas utilizadas por vocalistas em improvisos vocais. Reza a lenda que foi criada aquando de uma gravação de Louis Armstrong em que este teve que improvisar algo por a folha com a letra ter caído. Na verdade, o Scat era prática corrente em New Orleans. Como exemplos de artistas que foram prodigiosos praticantes do Scat podemos referir Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Betty Carter, Anita O’Day, Mark Murphy, Kurt Elling, entre muitos outros.

Sarah Vaughan - Scat Blues - 1969

T

de transcrição. O processo em que se memoriza (ou se escreve em notação convencional) um excerto ou peça de música improvisada. Este é um dos processos mais utilizados na aprendizagem/ensino do Jazz. Ao transcrever um solo o aluno tem a possibilidade de entender e replicar o processo criativo de um determinado instrumentista ou cantor. Funciona quase como uma aula privada com os maiores mestres do Jazz pois existem milhões de horas de gravações de performances excecionais à espera de transcrição.

Transcrição do solo de Sonny Rollins no tema "Almost Like Being in Love"

U

de US3. São uma banda de rap londrina que em 1992 lançaram o disco “Hand on the torch”, constituído exclusivamente por samples (excertos de gravações utilizados para criação de novas músicas) de temas de Jazz do catálogo da Blue Note. O cruzamento dos ritmos e tendências urbanas com o Jazz foi desde sempre cultivado, embora tenha esmorecido com o passar dos anos. Foi recuperado por novas gerações que descobriram os clássicos e reconheceram o imenso manancial de recursos que continham. Esta reutilização de matéria musical foi um grande um incentivo à reedição dos catálogos clássicos das editoras. Como exemplo, apresento o tema Cantaloop (Flip Fantasia) baseado no original de Herbie Hancock “Cantaloupe Island”.

US3 - Cantaloop (Flip Fantasia)

Herbie Hancock - Cantaloupe Island

V

de Vocalease. Esta é a técnica consiste na adaptação de letras a solos anteriormente transcritos. Alguns dos artistas que utilizaram este recurso foram Eddie Jefferson (“Moody’s mood for love” baseado num solo de saxofone de James Moody no tema “I’m in the mood for love”), Kurt Elling (ao escrever um poema magnifico para um solo de Charlie Haden do clássico “Moonlight Serenade” de Glen Miller) e Jon Hendricks, porventura o nome maior desta arte também apelidado como o “James Joyce do Jive”. No exemplo apresenta-se uma gravação do trio Lambert, Hendricks e Ross a interpretarem o tema Four de Miles Davis e Kurt Elling com um arranjo magistral do tema “Easy Livin’” e uma versão vocalease do tema de John Coltrane “Resolution”.

Lambert, Hendricks and Ross - Four LIVE 1961

Kurt Elling - Easy Living / Resolution

W

de West Coast Jazz. Foi o termo utilizado para denominar o Jazz que se ouvia na costa oeste dos Estados Unidos, com predominância na área de San Francisco e Los Angeles. A música, menos frenética que o bop, era mais calma e fluída com predominância para temas com arranjos mais complexos. O movimento West Coast deu visibilidade ao Jazz que se fazia fora do centro nevrálgico em que Nova Iorque se tinha tornado. Entre alguns dos nomes mais representativos do som da costa oeste temos Chet Baker, Gerry Mulligan, Stan Getz, Stan Kenton, Paul Desmond e Dave Brubeck.

Stan Kenton and his Orchestra - Crazy Rhythm

The Gerry Mulligan Tentet - Westwood Walk

X

de Xanadu Records. Esta editora discográfica especializou-se na gravação e divulgação de Jazz e editou discos de artistas consagrados como Bud Powell, Art Pepper, Jimmy Heath entre outros. A importância das editoras como a Blue Note, Verve, Capitol, Columbia, Impulse, Prestige ou Savoy é inestimável ao registarem para a posteridade os maiores intérpretes do Jazz em algumas das suas mais inspiradas prestações. E qual a importância da Xanadu para ser destacada nesta listagem? É o X que me faltava para completar a lista ☺.

Xanadu Master Edition Series Documentary

Y

de Young Lions. Foi o termo pelo que ficou conhecida uma geração de músicos que, a partir da década de 80, procurou fazer música em linha com os conceitos estéticos do bop e hard bop. Este movimento também apelidado de Neo-bop surge como contraponto aos sons mais elétricos do Jazz de Fusão e foi responsável por um regresso às origens, a um som e linguagem mais ligado à tradição do blues, swing e ao som acústico. Wynton Marsalis, Brian Blade, Joshua Redman, Joe Lovano, Roy Hargrove ou Terence Blanchard foram alguns dos músicos que empreenderam esta viagem de regresso a uma música de pendor revivalista e melancólica, mas igualmente virada para o futuro, em busca de novos caminhos.

Wynton Marsalis – Jazz em Marciac 2009

Roy Hargrove Quintet - Strasbourg Saint Denis

Z

de Zorn, John (12 Set 53). Incluo o saxofonista John Zorn para completar o ciclo com o regresso a Louis Armstrong. Zorn tem coexistido dentro do Jazz e outras linguagens musicais com o mesmo entusiasmo e espirito criativo que poderíamos encontrar em Armstrong na sua época. O futuro do Jazz está intimamente ligado à possibilidade de se reinventar e se tornar moderno, imprevisível e global, sem ter necessidade de se distanciar ou virar a cara à tradição. O jazz como manifestação artística tem espaço para várias tendências, estéticas e orientações e cabe ao público encontrar a música para si. Cabe aos pedagogos orientar os alunos para este estado de espirito aberto, sem preconceito e honestidade para ouvir e refletir. Viva a música!

John Zorn - Book of Angels - Marciac 2012

A APEM

A Associação Portuguesa de Educação Musical, APEM, é uma associação de caráter cultural e profissional, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, que tem por objetivo o desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação musical, quer como parte integrante da formação humana e da vida social, quer como uma componente essencial na formação musical especializada.

Cantar Mais

Cantar Mais – Mundos com voz é um projeto da Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM) que assenta na disponibilização de um repertório diversificado de canções (tradicionais portuguesas, de música antiga, de países de língua oficial portuguesa, de autor, do mundo, fado, cante e teatro musical/ciclo de canções) com arranjos e orquestrações originais apoiadas por recursos pedagógicos multimédia e tutoriais de formação.

Saiba mais em:
http://www.cantarmais.pt/pt

Newsletter da APEM

Caros sócios, A APEMNewsletter de junho/julho acaba de ser publicada e encontra-se disponível para visualização no site da APEM.
Clique na imagem em cima para ter acesso à mesma.

Apoios:

 República Portuguesa
Fundação Calouste Gulbenkian

Contactos:

apem associação portuguesa de educação musical

Praça António Baião 5B Loja
1500 – 712 Benfica - Lisboa

  21 778 06 29

  932 142 122

 Envie-nos um email


©  Associação Portuguesa de Educação Musical

©  Associação Portuguesa de Educação Musical