XVII Encontro Nacional da APEM 2023
Música na Educação: Inclusão na pluralidade
Sócio APEM (necessário fazer login no site da APEM e ter as quotas atualizadas)
Presencial e online: 40€
Presencial: 30€
Online: 15€
Não Sócio (para se tornar sócio APEM, clique aqui)
Presencial e online: 80€
Presencial: 60€
Online: 30€
Ação de Formação de curta duração (6h) reconhecida e certificada pelo CFAPEM para os grupos 100, 110, 150, 250, 610 e todos os grupos M, de acordo com os artigos 6ºd), 7º n.2 e 8ºb) do RJFC - Dec.- Lei n.º22/2014 de 11 de fevereiro.
Nota: Se já é sócio, ou participou neste encontro faça login para ter acesso às gravações de todas as conferências e workshops.
Caso não seja sócio, torne-se sócio e beneficie de todos os recursos e vantagens disponíveis para sócios APEM.
XVII Encontro Nacional da APEM 2023 - Resumo do dia presencial (18 de novembro de 2023)
A temática que selecionámos este ano para o nosso Encontro Nacional visa colocar em primeiro plano as dimensões ética, política e das práticas pedagógicas que a Música na Educação integra quando falamos na sua potencialidade para a promoção da inclusão. E de que forma pensamos essas dimensões da inclusão?
A dimensão ética da música na educação inclusiva refere-se ao compromisso moral e ético de garantir que todos os alunos tenham igualdade de acesso à música e às músicas envolvendo o reconhecimento e a valorização da diversidade humana, incluindo diferenças culturais, sociais e económicas, étnicas, de género, de orientação sexual, de capacidades e de necessidades.
A dimensão política da música na educação inclusiva refere-se à mudança de políticas e práticas e à disponibilização de ferramentas da política educativa para assegurar que a música seja acessível e inclusiva para todos.
A dimensão prática da música numa educação inclusiva refere-se às estratégias e práticas que são implementadas no sentido de todos os alunos poderem ter acesso à prática musical, ao fazer música. E isso inclui a adaptação e gestão do currículo para responder às necessidades das aprendizagens dos alunos, a oferta de apoio adicional para alunos com necessidades específicas, a formação de professores para trabalhar com uma diversidade de alunos e a criação de ambientes de aprendizagem colaborativos e inclusivos.
A relevância do papel da música na promoção da inclusão na educação, especialmente quando se trata de celebrar a pluralidade e a diversidade dos alunos, é hoje inquestionável, tal como as práticas musicais diversas para o incremento da criatividade e da expressão individual dos alunos, permitindo que se expressem através da música de maneira única e pessoal.
O conceito de inclusão ligado à música reforça o papel da música como ferramenta para promover a inclusão social e cultural em diversos contextos e comunidades no refortalecimento da democracia e do bem-estar. Através da música podem-se criar espaços abertos, seguros e acessíveis onde as barreiras culturais e linguísticas se podem quebrar porque as crianças e jovens podem comunicar e expressar-se livremente com música sentindo-se bem-vindos e representados, independentemente das suas diferenças culturais, sociais ou físicas.
Manuela Encarnação
Presidente da Direção da APEM
The theme we have selected this year for our National Meeting aims to put in the foreground the ethical, political, and pedagogical practice dimensions that Music in Education integrates when we talk about its potentiality for the promotion of inclusion. And in what way do we think about these dimensions of inclusion?
The ethical dimension of music in inclusive education refers to the moral and ethical commitment to ensure that all students have equal access to music and music involving the recognition and valuing of human diversity, including cultural, social and economic differences, ethnicity, gender, sexual orientation, abilities, and needs.
The policy dimension of music in inclusive education refers to changing policies and practices and providing educational policy tools to ensure that music is accessible and inclusive for all.
The practical dimension of music in inclusive education refers to the strategies and practices that are implemented in the sense that all learners can access musical practice, music making. This includes adapting and managing the curriculum to meet the learning needs of students, providing additional support for students with specific needs, training teachers to work with a diversity of students and creating collaborative and inclusive learning environments.
The relevance of music's role in promoting inclusion in education, especially when it comes to celebrating the plurality and diversity of learners, is now unquestionable, as are diverse musical practices for enhancing learners' creativity and individual expression, allowing them to express themselves through music in unique and personal ways.
The concept of inclusion linked to music reinforces the role of music as a tool to promote social and cultural inclusion in diverse contexts and communities in the strengthening of democracy and well-being. Through music, open, safe and accessible spaces can be created where cultural and linguistic barriers can be broken down because children and young people can communicate and express themselves freely with music, feeling welcome and represented, regardless of their cultural, social or physical differences.
Manuela Encarnação
President of the APEM Board
O XVII Encontro Nacional da APEM 2023 vai dedicar três dias online a comunicações sobre a temática do tema do Encontro.
Queremos apresentar e divulgar práticas/ projetos/investigações que destaquem exemplos do papel da música para promover a inclusão social e cultural em diversos contextos, assim como os efeitos da música na promoção da inclusão.
As propostas podem cobrir uma variedade de tópicos, incluindo, mas não se limitando a:
- Exemplos de projetos que usam a música para promover a inclusão em comunidades marginalizadas ou grupos de pessoas com deficiência ou necessidades específicas.
- Estudos de caso que demonstram como a música tem sido usada para ligar pessoas de diferentes origens e culturas.
- Investigações que analisam o impacto da música na promoção da inclusão social e cultural.
- Projetos que envolvem a criação de espaços inclusivos para performances musicais ou eventos relacionados com a música.
Comissão científica do XVII Encontro Nacional da APEM 2023
- António Ângelo Vasconcelos (Instituto Politécnico de Setúbal)
- Eduardo Lopes (Universidade de Évora)
- Helena Vieira (Universidade do Minho)
- Manuela Encarnação (APEM)
- Mário Cardoso (Instituto Politécnico de Bragança)
Comunicações online
Oradores convidados
LUKAS PAIRON
LUKAS PAIRON
Lukas Pairon founded the international platform SIMM (Social Impacts of Music-Making) on research on the role music-making can have in social and community work. In 2022 he created with a team at the University and the University College of Ghent the first academic chair on social action and music-making (CESAMM / Chair Jonet). He is also active with Music Fund in Gaza (Palestine) and in Kinshasa (DR Congo). In 2020 Routledge published his book ‘Music Saved Them, They Say’ on his research findings on social music projects in Kinshasa, DR Congo (see also his TEDx-talk on this research). In 2023 Routledge published his text ‘The art of positive fatalism’ in the book ‘Music and Social Inclusion’ edited by Oscar Odena (University of Glasgow / The Arts of Inclusion (TAI)).
Pluriversity and Music-Making
If we dream of a world which can be composed of a multiversity of realities - a world lacking uniformity - then we need bridge-builders who are talented, experienced and capable to weave relations between people of different classes, gender, race, and culture. Music teachers who have the ambition to be able to welcome participants from very different worlds in their classes, can learn from the experiences being developed by practitioners within participatory music projects. These projects can be seen as interesting blueprints and models to learn from.
GRAÇA MOTA
GRAÇA MOTA
Graça Mota (Mestrado em Educação Musical, Universidade de Boston, Estados Unidos, PhD em Psicologia da Música pela Universidade de Keele, Reino Unido) foi Professora-Coordenadora do departamento de Música da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto, tendo lecionado nos cursos de formação de professores de Educação Musical durante mais de 25 anos a nível de licenciatura e mestrado. Atualmente é investigadora senior no Centro de Investigação em Psicologia da Música e Educação Musical (CIPEM/Inet-md) e pertence ao Board of Directors da plataforma SIMM (Social Impact f Making Music). Os seus campos de interesse em investigação são: inovação curricular em Educação Musical; educação e música na comunidade; formação de professores de Educação Musical; prática musical e inclusão social. A sua investigação tem sido financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Educação e Ciência. Tem publicações em Portugal, Espanha, Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e Letónia. Foi presidente da Comissão de Investigação da International Society for Music Education (ISME) no biénio 2008-2010 e membro eleito do Board of Directors da mesma sociedade para o biénio 2014-2016.
Perspetivas críticas em Educação Musical
Esta apresentação tem duas partes. Na primeira abordo o tempo em que vivemos e a inevitabilidade de pensar nos desafios que se colocam na formação dos futuros professores de educação musical. Por um lado, permitindo o desenvolvimento de pessoas reflexivas e promotoras de práticas musicais diversificadas junto dos seus futuros alunos. Por outro, fomentando a criação de espaços de vivência profundamente democrática em que a construção de uma consciência crítica, dentro de um conceito de justiça em educação musical, possa ter lugar. O papel da investigação neste contexto surge como uma condição necessária para que os futuros docentes encarem a profissão como um espaço para aprofundar de que modo a educação musical pode contribuir para uma consciência social, sem deixar de compreender os seus limites enquanto agente significativo de mudança. Na segunda parte, darei nota de alguns resultados de um projeto de investigação que aborda os 30 anos do ensino profissional de música em Portugal e o papel de inclusão sociocultural que teve e continua a ter no panorama musical português do pós 25 de Abril.
RUI LEITÃO
RUI LEITÃO
RUI LEITÃO
Formado em Musicologia, concluiu o Mestrado na FCSH da Universidade Nova de Lisboa com a dissertação «A Paisagem Musical e Sonora da Cidade de Lisboa no Ano de 1890». Frequenta o doutoramento em Estudos Artísticos – Arte e Mediações na mesma instituição. Desde 2007, é Mediador Cultural e Musicólogo na AMEC / Metropolitana, onde produz conteúdos destinados ao desenvolvimento de projetos e divulgação da atividade da Orquestra Metropolitana de Lisboa e dos múltiplos agrupamentos tutelados por aquela associação cultural. Leciona o Módulo de Movimento e Expressão Musical no âmbito da disciplina Dança e Práticas Expressivas da Licenciatura em Dança da Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, e vem sendo formador no Forum Dança desde 1996, designadamente no curso de Gestão e Produção das Artes do Espectáculo.
O projeto da Metropolitana MUSICAR – Prática Musical para Pessoas com Cegueira ou Baixa Visão e Pessoas Surdas
MUSICAR é um projeto da Metropolitana apoiado pelo MusicAIRE, ação cofinanciada pela União Europeia para apoio à indústria da Música. Iniciado em fevereiro de 2023, propõe-se identificar e ensaiar ao longo de dez meses propostas de ensino e aprendizagem da teoria da música e da prática vocal ou instrumental de conjunto especificamente orientadas para alunos com cegueira ou baixa visão e alunos surdos. O projeto estrutura-se em diferentes fases. Começou por envolver todos os profissionais da instituição em ações de formação destinadas a professores, músicos, auxiliares de educação, técnicos de produção, comunicação, etc. Para o efeito, foram convidados profissionais com experiência; destacando-se, entre outros, os contributos das parcerias estabelecidas com os projetos Filarmónica Enarmonia (Bengala Mágica) e Mãos que Cantam. Seguiram-se ateliês exploratórios e aulas regulares conducentes à apresentação de um concerto a realizar no Teatro São Luiz no dia 29 de novembro. Este concerto conta com participação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, dos maestros Adrian Rincón e Pedro Neves, do pianista Jorge Gonçalves e, por fim, de todos os alunos MUSICAR. Com o aproximar da conclusão do projeto, é tempo de fazer um primeiro balanço e partilhar ilações com a comunidade.
Comunicações
ANTÓNIO VASCONCELOS
ANTÓNIO VASCONCELOS
Estudou Piano, Saxofone e Composição no Conservatório de Música de Calouste Gulbenkian de Aveiro, licenciou-se em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e doutorou-se em Educação pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa com a tese intitulada “Educação artístico-musical: cenas, atores e políticas”. É investigador integrado no CIPEM-INET-md e tem participado diferentes tipos de encontros e congressos nacionais e internacionais, publicando trabalhos, em domínios diferenciados do ensino de música, da formação de professores, das artes, da educação, da cultura e das políticas públicas. É professor coordenador na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, e co coordena os mestrados em Gestão e Administração de Escolas e em Educação, Práticas Artísticas e Inclusão.
Música e Inclusão: O Projeto Recriar-se e os desafios das práticas artístico-musicais na educação não formal
António Ângelo Vasconcelos Instituto Politécnico de Setúbal|| CIPEM-INET-md
Ana Luísa Oliveira Pires Instituto Politécnico de Setúbal|CIEF-IPS || CICS.NOVA
Gina C. Lemos Instituto Politécnico de Setúbal|| CIEF-IPS
As práticas artístico-musicais têm-se mostrado instrumentos relevantes para promover a autoconfiança e o bem-estar, moldar experiências e encontrar caminhos de vida significativos, combater estereótipos e formas de discriminação, revelando-se um contributo para o desenvolvimento e qualidade de vida das pessoas diretamente envolvidas e para a coesão social da comunidade global (DeNora, 2013; Goldbard & Matarasso, 2021; Levine, 2009; Matarasso, 2019,2021; Murphy & Alexander, 2020 e Won, 2029).
O projeto artístico e social “Recriar-se”, criado em 2014 e desenvolvido na Cáritas Diocesana de Setúbal em parceria com o Instituto Politécnico de Setúbal, é um projeto singular que pretende reconstruir percursos de vida e criar condições para o empoderamento e inclusão de homens e mulheres em situação de sem-abrigo através de práticas artísticas envolvendo a música, a fotografia e as artes visuais. Neste contexto, iremos apresentar alguns resultados de um projeto de investigação em curso, realizado por docentes da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal financiado pela Lisboa 2020, Portugal 2020 e Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, sobre a relação entre a música, a inclusão social e o bem-estar, tendo como objeto empírico o Projeto Recriar-se. A investigação, de natureza qualitativa, a decorrer desde setembro de 2021, tem-se suportado, do ponto de vista empírico, na recolha e análise de dados a partir de entrevistas aos artistas e técnicos envolvidos nos ateliers, focus group com os participantes, observação de sessões/ vídeos de sessões dos ateliers de música e de reportagens publicadas na imprensa.
Assim, esta comunicação tem um duplo objetivo. Por um lado, dar a conhecer as práticas musicais e as principais estratégias participativas que contribuem para os processos de empoderamento, inserção social e bem-estar das pessoas em situação de sem abrigo e, por outro, discutir algumas das implicações e desafios que se colocam aos músicos e aos educadores musicais envolvidos neste tipo de projetos de intervenção socio-musical, bem como problematizar os modos como as práticas musicais poderão configurar-se como ser instrumentos de transformação e de reconfiguração identitária, social, educativa e cultural e por esta via possibilitar algumas reflexões sobre a educação musical, no seu sentido lato, nas escolas e nas comunidades.
Palavras-chave:
Música e Inclusão; Práticas Musicais; Pessoas em situação de sem abrigo; Criatividades; Pedagogias Artísticas
Referências:
DeNora, T. (2013). Music Asylums: Wellbeing Through Music in Everyday Life. Routledge.
Goldbard, A., & Matarasso, F. (2021). Ética e Arte Participativa. Caderno Arte e Comunidade, 1. Fundação Calouste Gulbenkian. Disponível em https://gulbenkian.pt/publications/etica-e-arte-participativa/.
Levine, S., K. (2009). Trauma, tragedy, therapy: The arts and human suffering. Jessica Kingsley Publishers.
Matarasso, F. (2019). Uma Arte Irrequieta. Reflexões sobre o triunfo e importância da prática participativa. Fundação Calouste Gulbenkian.
Murphy, E. R., & Alexander, A. S. (2020). The ‘Collective Voice that Could Change the World’: A Qualitative Interpretive Meta-Synthesis of Arts-Based Programming for Adults Experiencing Homelessness, The British Journal of Social Work, 50(1), 157–175. https://doi.org/10.1093/bjsw/bcz155.
Won, S. K. S. (2019). Applying an ethological perspective of art to the community arts and socially engaged arts. Journal of Visual Art Practice, 18(3), 205-220. https://doi.org/10.1080/14702029.2019.1613614.
JOSÉ SILVA
JOSÉ SILVA
José Duarte Silva é natural de Viana do Castelo. Iniciou os seus estudos musicais aos 7 anos com o professor Francisco Lima, na Escola de Música do Centro Social Paroquial de Vila Nova de Anha. Em 2003 ingressou na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo (Fundação Átrio da Música), na classe de violoncelo do professor Iminas Kucinskas. Em 2009 concluiu o Curso de Instrumentista de Cordas e Tecla na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, na classe de violoncelo do mesmo professor. Em 2009/2010 frequentou a classe de violoncelo do Professor Marco Pereira na Universidade do Minho. Em 2011 entrou na Escola Superior de Música de Lisboa na classe de violoncelo da Professora Clélia Vital, terminando a Licenciatura em 2014. Participou em masterclasses com Michel Strauss, Pietro Serafin, Gary Holffman, Jed Barahal e Paulo Gaio Lima. Tocou na Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra Animação de Poente Areas, 8º e 9º estágios da APROARTE e Orquestra Sinfónica da ESART, onde teve a oportunidade de trabalhar com vários maestros como Ernst Schelle, Christopher Bochmann, Jean-Sébastien Béreau, Javier Viceiro, Rui Massena, Martin André, entre outros. Integra a Banda Sinfónica do Exército em 2014 e em 2018 entra para os quadros permanentes como sargento. Em 2019 termina o Mestrado em Ensino de Música (violoncelo) na Escola Superior de Artes Aplicadas, em Castelo Branco, sob a orientação da professora Catherine Strynckx. É docente da classe de violoncelo no projeto Orquestra Geração.
Orquestra Geração – Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: Os relatos de experiência docente
Marija Mihajlovic Pereira
José Duarte Silva
Desde ano de 2017, a colaboração entre duas entidades, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e Associação das Orquestras Sinfónicas Juvenis Sistema Portugal (AOSJSP), resultou na criação e desenvolvimento de uma nova ação socio-educativa, Orquestra Geração – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (OG-SCML). O núcleo musical OG-SCML encontra-se sob a supervisão pedagógica da Orquestra Geração, e sob a gestão da Unidade de Apoio à Autonomia da Direção de Infância, Juventude e Família, da SCML. Atualmente, a escola está situada no prédio do Recolhimento da Encarnação em Lisboa, e conta com a participação de 15 professores, 51 alunos, 4 técnicas e 6 colaboradores. Os jovens músicos que fazem parte do projeto vêm de famílias apoiadas pela SCML, de Casas de Acolhimento ou são filhos de colaboradores da instituição. O currículo consiste em aulas semanais de instrumentos de corda ou sopro e formação musical. No entanto, a ênfase do ensino é proporcionar aos alunos a oportunidade de interagir num ambiente de orquestra duas vezes por semana. No contexto referido, essa experiência prática de tocar em conjunto revela-se valiosa para o desenvolvimento dos alunos. As considerações que fortalecem essa ênfase de ensino prendem-se no repertório adequado, desafios progressivos, instrução personalizada, exploração da expressividade musical, trabalho em equipa e atuação em público. Por sua vez, os professores, embora tenham experiência no ensino com objetivos socio inclusivos, às vezes enfrentam desafios específicos que esse tipo de ensino musical exige. Além de fornecer instrução musical e técnica, eles desempenham um papel importante no desenvolvimento socioemocional dos alunos. Os professores são responsáveis por criar um ambiente acolhedor e inclusivo, onde os jovens músicos se possam expressar livremente, explorar a sua criatividade e desenvolver competências de trabalho em equipa. Eles também ajudam a superar os desafios específicos do ensino da música, adaptando as abordagens pedagógicas para atender às necessidades individuais dos alunos. Além disso, os professores atuam como mentores, oferecendo orientação e apoio aos alunos, incentivando o seu progresso e crescimento pessoal. Por meio desta comunicação, os professores Marija Mihajlovic e Duarte Silva, que têm lecionado no projeto desde o seu início, têm a intenção de fornecer uma visão clara e abrangente do funcionamento desse núcleo musical. Além disso, destacam a dinâmica única que é cultivada na escola, compartilham os objetivos do projeto e mencionam as conquistas alcançadas até ao momento. Brevemente, eles irão descrever algumas estratégias utilizadas para proporcionar um ambiente de aprendizagem enriquecedor e estimulante para os jovens músicos envolvidos, bem como aquelas que promovem a participação ativa dos alunos, a colaboração e a expressão individual através da música. Eles irão compartilhar histórias alguns exemplos concretos das aquisições dos alunos ao longo do tempo, destacando como a música pode ser uma poderosa ferramenta de transformação e capacitação. Ao fornecer uma visibilidade ao modo de funcionamento do projeto OG-SCML, espera-se não só consciencializar sobre a importância da educação musical inclusiva, mas também inspirar outras instituições e educadores a adotarem abordagens semelhantes. Em resumo, essa comunicação procura transmitir a dinâmica, os objetivos e as realizações desse núcleo musical, demonstrando o papel crucial dos professores, agentes que incentivam a disseminação de práticas educacionais inclusivas por meio da música.
Palavras-chave: ensino de música, inclusão através da música, papel do professor
Bibliografia:
Freire, P. (2022). Tocando vidas: Inclusão social através da prática musical na Orquestra Geração Sistema Portugal. LEYA.
Ilari, B. S., Keller, P., Damasio, H., & Habibi, A. (2016). The development of musical skills of underprivileged children over the course of 1 year: A study in the context of an El Sistema-Inspired Program. Frontiers in Psychology, 7.
Pereira, M. (2021). As práticas de ensino do violino sob o prisma da autorregulação da aprendizagem [Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Música de Lisboa]. http://hdl.handle.net/10400.21/13765
MARIJA PEREIRA
MARIJA PEREIRA
Natural de Belgrado (Sérvia), Doutora em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa com mestrados em Ensino da Música, Performance Musical e Artes Musicais, obtidos, respetivamente, na Escola Superior de Música de Lisboa, na Universidade Federal de Minas Gerais e na Faculdade de Música de Belgrado. Como investigadora, faz parte do grupo de investigação Educação e Desenvolvimento Humano do CESEM. O seu principal interesse de investigação é a articulação do conceito de autorregulação da aprendizagem no contexto de ensino e prática de instrumentos de cordas. Cultiva o trabalho pedagógico como professora de violino no projeto Orquestra Geração Sistema Portugal, núcleo Santa Casa de Misericórdia de Lisboa. Desde 2017, é membro da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, com a qual se apresenta a solo e em diferentes conjuntos de música de câmara.
Orquestra Geração – Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: Os relatos de experiência docente
Marija Mihajlovic Pereira
José Duarte Silva
Desde ano de 2017, a colaboração entre duas entidades, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e Associação das Orquestras Sinfónicas Juvenis Sistema Portugal (AOSJSP), resultou na criação e desenvolvimento de uma nova ação socio-educativa, Orquestra Geração – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (OG-SCML). O núcleo musical OG-SCML encontra-se sob a supervisão pedagógica da Orquestra Geração, e sob a gestão da Unidade de Apoio à Autonomia da Direção de Infância, Juventude e Família, da SCML. Atualmente, a escola está situada no prédio do Recolhimento da Encarnação em Lisboa, e conta com a participação de 15 professores, 51 alunos, 4 técnicas e 6 colaboradores. Os jovens músicos que fazem parte do projeto vêm de famílias apoiadas pela SCML, de Casas de Acolhimento ou são filhos de colaboradores da instituição. O currículo consiste em aulas semanais de instrumentos de corda ou sopro e formação musical. No entanto, a ênfase do ensino é proporcionar aos alunos a oportunidade de interagir num ambiente de orquestra duas vezes por semana. No contexto referido, essa experiência prática de tocar em conjunto revela-se valiosa para o desenvolvimento dos alunos. As considerações que fortalecem essa ênfase de ensino prendem-se no repertório adequado, desafios progressivos, instrução personalizada, exploração da expressividade musical, trabalho em equipa e atuação em público. Por sua vez, os professores, embora tenham experiência no ensino com objetivos socio inclusivos, às vezes enfrentam desafios específicos que esse tipo de ensino musical exige. Além de fornecer instrução musical e técnica, eles desempenham um papel importante no desenvolvimento socioemocional dos alunos. Os professores são responsáveis por criar um ambiente acolhedor e inclusivo, onde os jovens músicos se possam expressar livremente, explorar a sua criatividade e desenvolver competências de trabalho em equipa. Eles também ajudam a superar os desafios específicos do ensino da música, adaptando as abordagens pedagógicas para atender às necessidades individuais dos alunos. Além disso, os professores atuam como mentores, oferecendo orientação e apoio aos alunos, incentivando o seu progresso e crescimento pessoal. Por meio desta comunicação, os professores Marija Mihajlovic e Duarte Silva, que têm lecionado no projeto desde o seu início, têm a intenção de fornecer uma visão clara e abrangente do funcionamento desse núcleo musical. Além disso, destacam a dinâmica única que é cultivada na escola, compartilham os objetivos do projeto e mencionam as conquistas alcançadas até ao momento. Brevemente, eles irão descrever algumas estratégias utilizadas para proporcionar um ambiente de aprendizagem enriquecedor e estimulante para os jovens músicos envolvidos, bem como aquelas que promovem a participação ativa dos alunos, a colaboração e a expressão individual através da música. Eles irão compartilhar histórias alguns exemplos concretos das aquisições dos alunos ao longo do tempo, destacando como a música pode ser uma poderosa ferramenta de transformação e capacitação. Ao fornecer uma visibilidade ao modo de funcionamento do projeto OG-SCML, espera-se não só consciencializar sobre a importância da educação musical inclusiva, mas também inspirar outras instituições e educadores a adotarem abordagens semelhantes. Em resumo, essa comunicação procura transmitir a dinâmica, os objetivos e as realizações desse núcleo musical, demonstrando o papel crucial dos professores, agentes que incentivam a disseminação de práticas educacionais inclusivas por meio da música.
Palavras-chave: ensino de música, inclusão através da música, papel do professor
Bibliografia:
Freire, P. (2022). Tocando vidas: Inclusão social através da prática musical na Orquestra Geração Sistema Portugal. LEYA.
Ilari, B. S., Keller, P., Damasio, H., & Habibi, A. (2016). The development of musical skills of underprivileged children over the course of 1 year: A study in the context of an El Sistema-Inspired Program. Frontiers in Psychology, 7.
Pereira, M. (2021). As práticas de ensino do violino sob o prisma da autorregulação da aprendizagem [Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Música de Lisboa]. http://hdl.handle.net/10400.21/13765
PEDRO CUNHA
PEDRO CUNHA
Pedro Filipe Cunha é natural do Porto (n.1971) e doutorado em Ciências da Educação pela Universidade do Porto. Completou o mestrado em Estudos da Criança - especialização em Educação Musical na Universidade do Minho e a licenciatura em Produção e Tecnologias da Música na ESMAE-IPP.
Estudou composição com António Augusto Aguiar, Carlos Azevedo, Fernando C. Lapa e Fernando Valente e frequentou diversos cursos de pedagogia musical em Portugal, Alemanha e Itália.
Brinca à música com crianças a partir da Creche, realizando uma intensa carreira nacional como divulgador de uma pedagogia musical ativa, inclusiva, apaixonante e significante. Desenvolve diversos projetos pedagógicos em escolas e municípios em níveis de ensino diversificados no que concerne à partilha da música (creches, jardins-de-infância, escolas de 1.º e 2.º CEB, ensino artístico especializado).
É investigador na IDEAfor -UP e docente do ensino superior, lecionando Artes e Inclusão na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. Tem sido convidado regularmente por diversos centros de formação de professores a orientar ações de formação e partilhar as suas práticas pedagógicas e artísticas.
Tem composto diversas obras para crianças, a maior parte gravada e editada. Destaca-se “Fá, Lá, Si” (2003), “Música em Grande… Nos Pequenos!” (2006), “”Sim Som. Música enCantada” (2014) e “Voz, Corpo, Há Som” (2022).
Música Bem Temperada. Para Todos
Esta comunicação procura refletir sobre a partilha da música com especial ênfase nas práticas inclusivas dentro da escola. Estas práticas têm sido consequência de estratégias musicais inclusivas experimentadas e experienciadas ao longo dos últimos 30 anos, em especial no universo da Educação Pré-escolar e no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Há 30 anos ainda existiam em Portugal escolas com financiamento do Estado exclusivamente dedicadas ao então Ensino Especial. Numa delas, uma escola de referência no Porto, encontrámos e interagimos musicalmente com crianças portadoras de Síndrome de Down, psicoses, défices cognitivos, multideficiências entre muitas outras patologias. E ali se encontrava um músico cheio de vontade mas sem pedagogia. A partir daí, os desafios consideráveis que se apresentavam corresponderam a um exercício contínuo de formação pedagógica, pessoal e mesmo estética que desaguam numa tríade que também nos tem regido - citando o pensamento do compositor Fernando C. Lapa: a verdade, a bondade e a beleza. Do ponto de vista metodológico, foram recolhidos, narrados e analisados relatos biográficos do investigador (Cunha, 2013). Esta abordagem biográfica e narrativa inspirou-se na pesquisa narrativa em educação musical nos pontos de vista de Margaret Barrett (2009), Sandra Stauffer (2009) e também de Jean Clandinin (2011). Esta história de vida convida-nos à necessidade de cultivarmos e desenvolvermos estratégias também adaptadas ao indivíduo enquanto ser único e à atualidade na partilha da música, em particular nas crianças com diversas patologias físicas e mentais. Estratégias que passam por adaptações significativas na criação e interpretação musicais, sem desvirtuar a música e a performance dos seus grupos de pares. Com a introdução e/ou sistematização de novos recursos pedagógicos, criam-se condições para o desenvolvimento de novos conteúdos. Conteúdos que se interligam com outras áreas do ensino-aprendizagem, criando uma teia forte e rica e, consequentemente, projetos interdisciplinares enriquecedores para a criança e para o grupo onde ela interage, brinca e trabalha. Aqueles recursos podem ser consubstanciados em diversos hemisférios do som e da música não comercial que passam pela sonoplastia, pelo universo erudito, minimalista, alternativo e de músicas do mundo. São também espelhados no humor e mesmo no nonsense, e em perguntas sem necessariamente resposta. Neste sentido, convocamos a vinculação intrínseca dos educadores musicais às suas tarefas de formação, que eles próprios referem como “paixão”, e, por outro, uma visão da Música e da Dança na Educação de Infância e no 1.º CEB como partilha – entre educadores, crianças e pais - traduzida em cumplicidades e afetos, mas também em dispositivos de formação de cariz coletivo, como, por exemplo, uma significante formação contínua de professores na educação inclusiva da música. Que sentido a dar à música na escola, espaço e tempo que se pretende efetivamente inclusivos? Tendo em conta as diversas especificidades, desejamos mergulhar, partindo do som e da música, nas emoções, na acústica, na produção musical, na matemática, no humor, no nonsense e desaguarmos em projetos evidentes, exequíveis e aprazíveis. Esta atração é manifestada na vontade em todos participarem, no gozo, no sorriso e, apenas em última instância, na proficiência musical. A sentir a música. Em todos.
Palavras-chave: Música Inclusiva, Histórias de Vida, Educador Musical, Didática da Música na Infância.
Bibliografia:
Barrett, Margaret S. & Stauffer, Sandra L. (2009). Narrative Inquiry in Music Education. In Margaret S. Barrett & Sandra L. Stauffer (Ed.), Narrative Inquiry in Music Education (pp. 7-18). New York: Springer.
Clandinin, D. Jean & Connelly, F. Michael (2000). Narrative inquiry: Experience and story in qualitative research. San Francisco: Jossey-Bass.
Cunha, Pedro F. (2013). Música Bem Temperada na Escola. Narrativas de Vida na Construção da Profissionalidade de um educador Musical. Tese de Doutoramento, Universidade do Porto.
VanWeelden K. & Whipple, J. (2014). Music Educators’ Perceived Effectiveness of Inclusion. Journal of Research in Music Education 2014, Vol. 62(2) 148–160.
IRENE RIBEIRO
IRENE RIBEIRO
Irene Ribeiro é docente de flauta transversal no Conservatório Regional do Algarve Maria Campina e no Conservatório de Música de Olhão. Licenciada em flauta transversal e Mestre em Ensino de Música – Formação Específica em Flauta, pela Universidade de Évora, onde esteve sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Monika Streitová. Atualmente, no âmbito do Mestrado em Educação Especial da Universidade do Algarve - Domínios Cognitivo e Motor, encontra-se a desenvolver a investigação subordinada ao tema “A Educação Inclusiva no Ensino Artístico Especializado de Música – Estudo de Caso”, sob a orientação da Profª Drª Cláudia Luísa (Universidade do Algarve) e da Profª Dr.ª Monika Streitová (Universidade de Évora).
A Educação Inclusiva no Ensino Artístico Especializado de Música – Estudo de Caso
Irene Ribeiro (Universidade do Algarve)
Cláudia Luísa (Universidade do Algarve)
Monika Streitová (Universidade de Évora)
Conforme o exposto na legislação em vigor, Decreto-Lei n.º 54/2018 de 6 de julho, todas as escolas, sejam elas escolas profissionais, de educação pré-escolar e também todos os estabelecimentos das redes privada, cooperativa e solidária, devem garantir a inclusão e dar resposta à diversidade das necessidades e potencialidades de todos os alunos. Considerando também que são ofertas educativas e formativas do ensino básico e secundário os Cursos Artísticos Especializados, conforme exposto no Decreto-Lei n.º 55/2018 de 6 julho, estes também devem ser acessíveis a todos os alunos que optem por esta vertente de ensino, num quadro de igualdade de oportunidades. Tendo em conta a escassez de estudos no âmbito do ensino artístico especializado de música e das necessidades educativas específicas e da educação inclusiva, e partindo também de estudos que denotam lacunas das escolas artísticas no domínio da inclusão de alunos com deficiência (Moreno et al., 2020), surge a necessidade de analisar de que forma estão a ser garantidas as condições de acesso previstas na atualidade. Ao abrigo da atual legislação referente à educação inclusiva, todas as escolas, públicas e privadas, têm o dever de proporcionar a inclusão de todos os alunos. Desta forma, o ensino artístico bem com as suas instituições, devem promover uma educação inclusiva a todos os que estejam ou pretendam frequentar este regime de ensino. Para tal, é necessário que os pressupostos desta legislação sejam passíveis de serem colocados em prática nestas escolas.
Partindo de um estudo de caso de uma escola de Ensino Particular e Cooperativo que ministra o Ensino Artístico Especializado de Música, pretende-se conhecer e analisar em que medida e de que forma está a ser aplicada a legislação em vigor. Neste estudo de natureza qualitativa foram aplicadas como instrumento de recolha de dados entrevistas semiestruturadas a todos os docentes da escola participante.
Os objetivos específicos da investigação prendem-se com I) a análise dos conhecimentos dos participantes relativamente à legislação em vigor respeitante à educação inclusiva, II) a identificação das necessidades educativas específicas verificadas na escola artística e estudo do acompanhamento dos casos evidenciados, III) a avaliação da necessidade de formação específica e intervenção especializada no contexto do ensino artístico especializado de música, e ainda IV) sensibilizar os docentes para a necessidade de aplicar os pressupostos legais para benefício dos seus alunos.
Os resultados preliminares indicam que a generalidade dos entrevistados não tem conhecimento da legislação em vigor ou têm algum conhecimento da mesma, mas mostram dificuldades em implementar os seus pressupostos.
Os participantes manifestam falhas no acesso a um diagnóstico formal quanto às dificuldades de aprendizagem dos alunos e, perante esta situação, procuram implementar práticas educativas que são apenas reflexo das suas intuições e conhecimento empírico, sendo que estas podem não ir verdadeiramente ao encontro das necessidades educativas dos estudantes. Outro aspeto salientado deve-se à insuficiente comunicação com as escolas de ensino regular, mais especificamente nos casos de alunos que se encontram a frequentar o regime de ensino articulado. Surgem também reflexões relativamente à identidade da escola artística e os seus objetivos, estando estas intimamente ligadas à própria génese do ensino de música e a sua evolução até à atualidade. (Ribeiro, 2013; Vieira, 2014; Ribeiro & Vieira, 2019)
A generalidade dos docentes indica não ter formação específica na área da educação inclusiva e reconhecem a importância de formação adequada por forma a oferecer uma resposta pedagógica mais eficaz aos alunos. Não obstante, lamentam ainda a falta de uma rede de apoio nas escolas do Ensino Artístico Especializado de Música, por forma a potenciar o sucesso escolar dos alunos inseridos neste tipo de ensino. Assim, o reconhecimento destas lacunas no que toca à educação inclusiva potencia a emergência de uma intervenção educativa mais abrangente. A ausência de recursos técnicos e humanos também foi mencionado, havendo falta de um investimento orientado para agilizar os meios humanos e/ou técnicos especializados.
Como perspetivas futuras de estudo, e tendo em consideração os dados preliminares desta investigação, deverão ser analisadas as condições de aplicabilidade dos recursos específicos de apoio à aprendizagem e à inclusão neste contexto educativo. Sugere-se uma investigação mais abrangente de forma a compreender quais são as questões sentidas em diferentes escolas artísticas e de que forma podem ser mobilizados os recursos necessários para uma educação mais inclusiva no contexto do ensino artístico.
Palavras–chave: Ensino Artístico Especializado de Música; Legislação; Inclusão; Necessidades Educativas Específicas
Referências:
Correia, L. (2007). Para uma definição portuguesa de dificuldades de aprendizagem específicas. Revista Brasileira de Educação Especial, 13(2), 115-172. doi:https://doi.org/10.1590/S1413-65382007000200002
Fernandes, D., Ó, J., & Ferreira, M. (2007). Estudo de avaliação do ensino artístico. Direcção Geral de Formação Vocacional do Ministério da Educação e Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/5501
Moreno, D., Moreira, A., Tymoshchuk, O., & Marques, C. (2020). Análise de conteúdo utilizando o webQDA: Opção metodológica para caracterizar uma criança com paralisia cerebral. 2, 687-702. doi:https://doi.org/10.36367/ntqr.2.2020.687-702
Ribeiro, A. (2013). O ensino da música em regime articulado: projeto de investigaçãoção no conservatório do Vale do Sousa. [Tese de Doutoramento, Universidade do Minho]. Repositório da Universidade do Minho. https://hdl.handle.net/1822/24878
Ribeiro, A., & Vieira, M. H. (2019). A frequência do ensino da música em regime articulado em Portugal: resultados de um projeto de investigação-ação no Conservatório do Vale do Sousa. Educação, 42(1), 23-34. doi:https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.1.28201
Vieira, M. H. (2014). Passado e presente do ensino especializado da música em Portugal. E se explicássemos bem o que significa "especializado"? Em A. Pacheco (Ed.), I Encontro do Ensino Artístico Especializado da Música do Vale do Sousa. Do Passado ao presente: Impressões e Expressões (pp. 60-74). Conservatório do Vale do Sousa.
ANA VELOSO
ANA VELOSO
Ana Luísa Veloso é investigadora auxiliar no INET-md - Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança, no polo da Universidade de Aveiro. É doutorada em Música na área da Pedagogia, pela Universidade de Aveiro, tendo realizado o seu doutoramento, que concluiu em 2012, com uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia. De 2015 a 2020 foi bolseira de pós-doutoramento no CIPEM. Aqui, teve a oportunidade de ampliar os seus conhecimentos e experiência em áreas como Educação Musical, Criatividade Musical, Composição e Improvisação, Música Contemporânea e Experimental em Contextos Educativos, Contextos Formais e Não-formais de Aprendizagem, ou Música, Transformação Pessoal e Social, que são fundamentais no seu trabalho hoje em dia. Teve também a oportunidade de liderar e participar em projetos de investigação relacionados com as áreas formuladas anteriormente o que lhe permitiu alargar a sua visibilidade através de uma ampla produção tanto a nível de artigos em revistas internacionais de alto fator de impacto, como em capítulos de livros, ou comunicações orais, por submissão ou como convidada.
Foi membro da direção da Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM), representante portuguesa na International Society for Music Education (ISME) da ISME National Affiliates (INA Portuguesa), diretora da Revista Portuguesa de Educação Musical e coordenadora nacional da European Association for Music in Schools. É membro/artista da Sonoscopia Associação, onde desenvolve ativamente a sua atividade como música e guitarrista, colaborando em diversos grupos ligados à improvisação, música contemporânea e experimental e à arte sonora.
O Som como Rizoma: Para uma Educação Musical que promova a diferenciação pedagógica e a pluralidade
Esta comunicação pretende trazer à discussão a ideia de “Som como rizoma”, no sentido de dar uma contribuição à perspetiva de uma Educação Musical “rizomática” (Lines, 2013; Ferreira, 2015; Veloso, in press), enquanto possibilidade para um fazer musical centrado na diferenciação pedagógica e na pluralidade de caminhos possíveis em contextos educativos que trabalhem com crianças.
Esta discussão será construída a partir da análise de dois projetos de investigação-ação desenvolvidos em contextos não formais: a) o projeto “Caçadores de Sons”, desenvolvido na associação “Vozes da Infância”, em Aveiro, com crianças entre os 2 e os 5 anos e seus cuidadores; b) o projeto “Sononautas”, desenvolvido na associação “Sonoscopia”, no Porto, com crianças entre os 6 e os 10 anos e suas famílias.
Cruzando linhas da Educação Musical, da Musicologia contemporânea e dos Estudos de Som, ambos os projetos partem da ideia de uma abordagem à “Educação Musical centrada no Som”, que se apresenta como uma alternativa paradigmática à hegemonia dos modelos eurocêntricos ao ensino da música, e sugere, como alternativa, uma pedagogia que concebe o som e os fenómenos sonoros como categorias de partida mais amplas para o fazer artístico e musical, que possa incorporar as diversas trajetórias e experiências de vida das crianças. É uma proposta que procura contrariar certas tendências do mundo ocidental relativamente ao ensino da música, tantas vezes fechadas em ideias pré-concebidas de “talento”, e no domínio de competências técnicas e de um reportório estrito e fechado, considerado como “adequado” para a aprendizagem musical (Recharte, 2019; Thumlert & Nolan, 2019). Uma proposta que se desenvolve dentro de uma perspetiva mais holística, inclusiva, que procura sensibilizar as crianças para os diversos mundos sonoros que as rodeiam atualmente. É também uma forma de pensar e fazer que remonta às ideias desenvolvidas nas décadas de 60 e 70 do século XX pelo “Creative Music Movement”, centrada, portanto, numa atitude criativa e exploratória que permita a cada criança definir o seu percurso e identidade musical a partir das interações específicas que estabelece com o som.
Ambos os projetos foram desenhados com a intenção de realizar uma primeira avaliação a uma série de estratégias e ferramentas especificamente pensadas e contruídas para o desenvolvimento desta abordagem à “Educação Musical centrada no Som”, divididas em 4 categorias:
- Paisagens sonoras: O conjunto de sons que nos rodeia no dia a dia, proveniente de paisagens naturais ou urbanas. Inclui o ruído, os sons da natureza, os sons produzidos por máquinas e outras tecnologias criadas pelo Homem.
- Instrumentos musicais convencionais: Instrumentos pertencentes a diversas tradições musicais e culturas ao nível da música erudita, tradicional e popular.
- Novos instrumentos musicais: Instrumentos que têm vindo a ser desenvolvidos por artistas, engenheiros ou arquitetos e que se inscrevem na procura de novas sonoridades e de novas formas de interagir com o som.
- Microscopia sonora: Todo o mundo sonoro que apenas se torna significativamente audível com o recurso à amplificação.
A partir daqui, e triangulando os resultados já analisados de ambos os projetos com a literatura que, no âmbito da Educação Musical, tem sido desenvolvida à volta, por um alado, da obra seminal de Deleuze e Guattari (1987), e, por outro, da ideia de “Educação Sonora” (Recharte, 2019), nesta comunicação, procurar-se-á definir possíveis sentidos para uma Educação Musical centrada no “Som como Rizoma” a partir dos seguintes pontos:
- A música como atividade aberta a toda palete sonora que nos rodeia.
- A música como atividade participativa, colaborativa e criativa profundamente assente numa atitude exploratória.
- A música como algo profundamente relacionado com o nosso “eu” e as nossas vidas.
- A possibilidade de uma diversidade de percursos de aprendizagem musical.
- A aprendizagem da música como atividade dialógica aberta e que exige a plena participação e empenho das crianças em todas as decisões que são tomadas e em todos os caminhos que são escolhidos.
A comunicação propõe assim a construção de um lugar que claramente favoreça uma perspetiva educacional que leve em conta a criatividade, a colaboração, a relação, a pluralidade e singularidade de caminhos pedagógicos, e que leve seriamente em consideração os sentimentos, pensamentos e perspetivas dos alunos sobre a música e sobre o fazer musical. Ao mesmo tempo, considera possibilidades e modos possíveis de construir pontes que possam ser estabelecidas entre a investigação realizada em contextos educativos não formais - mais abertos e porosos a estas problemáticas - e formais - normalmente mais fechados e resistentes à mudança.
Palavras-Chave: Som, Educação Musical Rizomática, Experimentação Sonora, Diferenciação Pedagógica, Criatividade.
Referências Bibliográficas:
Deleuze, G., & Guattari, F. (1987). A Thousand Plateaus: Capitalism and Schizophrenia (2nd edition; B. Massumi, Trans.). Minneapolis: University of Minnesota Press.
Ferreira, T. T. (2015). Por uma Educação Musical rizomática: Estudo sobre o livro Sound and Structure de John Paynter. Anais do SIMPOM, 3(3). Retrieved from http://www.seer.unirio.br/index.php/simpom/article/view/4584
Lines, D. (2013). Deleuze and Music Education: Machines for Change. In Cartographies of Becoming in Education (pp. 21–33). Rotterdam: Brill Sense.
Recharte, M. (2019). De-centering Music: A “sound education.” Action, Criticism, and Theory for Music Education. https://doi.org/10.22176/ACT18.1.68
Thumlert, K., & Nolan, J. (2019). Angry Noise: Recomposing Music Pedagogies in Indisciplinary Modes. In P. P. Trifonas (Ed.), Handbook of Theory and Research in Cultural Studies and Education (pp. 633–655). New York: Springer.
Veloso, A. L. (in press). Music Composition in Portuguese Classrooms: Searching for Possible Routes. In M. Kaschub (Ed.), The Oxford Handbook of Music Composition Pedagogy, edited by Kaschub. Oxford, New York: Oxford University Press.
MARGARIDA ROCHA
MARGARIDA ROCHA
Margarida Rocha é Musicoterapeuta, Terapeuta Não-Verbal e Supervisora Certificada, bem como formadora na área da Musicoterapia. Em 2015, foi nomeada ProfessoraEspecialista na área da Terapia e Reabilitação - Musicoterapia, pelo Instituto Politécnico do Porto.
Concluiu o 4º ano do Programa Doutoral em Psicologia - especialidade Psicologia da Música, após obter a Pós-graduação neste domínio na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto. É também Pós-graduada em Educação e Intervenção Social.
Iniciou o seu percurso de docente de Educação Musical no ano letivo 1989/90, intercalando esta área com a do Ensino Especial durante dez anos (1997-2007). Tem como habilitação o Curso de Estudos Superiores Especializados em Educação Especial.
Professora - convidada pela Escola Superior de Educação – IPP, desde 2005; pela Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (2002-2005), e pela Universidade de Cádis - Master de Musicoterapia (2007-2010). É Professora de Educação Musical no Agrupamento de Escolas António Nobre desde 2007 – data em que inicia a sua atividade de Musicoterapeuta em espaço próprio, no Porto
É autora de várias comunicações relacionadas com a Musicoterapia, com a Educação Musical Inclusiva, com a Educação Especial e, atualmente, aprofunda os seus conhecimentos na esfera da ação psicossocial em contextos de risco, incluindo a Musicoterapia Comunitária. Desde a sua fundação, é Presidente da Direção da Associação “A pele do vínculo – Arte, Terapia e Comunidade”.
A Musicoterapia - contributo para a Educação Inclusiva: apresentação de um projeto desenvolvido em duas Escolas Básicas do 1º ciclo.
Um dos desafios da Escola é o respeito pelo Direitos Humanos, nomeadamente, o direito dos alunos à Educação Inclusiva que implica a criação de respostas à sua individualidade, compreendendo as suas características, potencialidades e necessidades. A legislação atual - Decretos-Lei nº 54 e 55 de 2018, de 6 de julho, pauta-se pelo acolhimento à diversidade dos estudantes, pressupondo a pluralidade de desenhos curriculares e o consequente acesso assente na equidade como condição prévia. Designadamente, nesta linha de ação, é realçada a construção de contextos educativos, de organização de cada escola e a concretização de processos de ensino promotores de envolvimento, participação e aprendizagem, adequados às características dos discentes, o que possibilitará que todos aprendam uns com os outros. Na nossa perspetiva, em conformidade com o que Rodrigues (2017) defende: ambientes de aprendizagem cooperativa, com base em interações de múltiplos sentidos, porque o enquadramento é de natureza inclusivo e oferece o suporte adequado ao desenvolvimento dos alunos, numa ótica de justiça social.
Aliada a esta dimensão política, está a de ordem ética e a social. A Cidadania afirma-se na pluralidade, por exemplo: dos percursos educativos, das trajetórias desenvolvimentais dos vários alunos, integrando as interações dinâmicas que acontecem nos seus contextos de vida; nos seus sistemas socio-culturais mais próximos e nos mais distantes que influenciam o seu projeto educativo; no respeito pelas diferenças, não discriminando, nem estigmatizando; atendendo, sempre que possível à singularidade de cada um deles.
A Musicoterapia, associada a estes meandros, e especificamente, no espaço escolar, partilha destes valores humanistas, no sentido em que se centra na pessoa, nos seus interesses, e no que é a sua identidade musical, indo ao encontro do que ela carece (McFerran, 2017). Através da utilização de várias experiências musicais de caráter terapêutico (audição, interpretação vocal ou instrumental, improvisação livre ou orientada, escrita de canções, entre outros), procura-se colmatar dificuldades ao nível de uma área de desenvolvimento específica ou do funcionamento global (podendo ser de ordem sensorial, percetiva, motora, mental, social). O (a) Musicoterapeuta, comprometido com o processo de desenvolvimento que almeja alcançar com o seu (sua) interlocutor(a) ou, se trabalhar na modalidade grupal, com a transformação dos sujeitos com quem estabeleceu uma relação terapêutica, é caloroso e empático, assegura confiança, escuta-os de forma ativa, compreendendo-os. A música é o meio, é a alavanca para a obtenção de melhor funcionamento dos alunos e consequente criação de condições para a aprendizagem na sala de aula, nos outros espaços escolares, na comunidade educativa.
Estes terapeutas podem desempenhar outros papeis dentro da instituição educativa, contribuindo para a inclusão que se deseja: como princípio organizacional e nas ações que alicerçam os planos curriculares. São eles: colaborar com o professor da turma, com o docente de Educação Musical ou com o professor do Ensino Especial, por um lado, ajudando-os a ter um conhecimento mais aprofundado sobre as barreiras que dificultam o acesso dos alunos ao processo de aprendizagem; por outro lado, construindo outras visões, desenvolvendo estratégias e atividades para que os discentes possam vir a reunir as competências essenciais pretendidas (Riccardi, 2004).
A abordagem psico-educativa da Musicoterapia no campo da Educação, cujos objetivos se enquadram nos domínios da saúde física e mental, do social, dos comportamentos e da comunicação em geral, encontra-se exposta na literatura, pelo que identificamos alguns autores: (Adamek, Darrow, 2001; McFerran, 2017; Riccardi, 2002, 2003; Stephenson, 2006). Em países como a Dinamarca, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha, para além dos Estados Unidos da América, é frequente a presença de Musicoterapeutas nas escolas.
Em Portugal, estas oportunidades ainda são escassas, pelo que, justifica o desafio a que nos propomos: a apresentação de um projeto de Musicoterapia, mobilizado para a inclusão, a decorrer há dois anos, em duas Escolas Básicas 1 (primeiro ciclo) de um Agrupamento do norte do país. Esta intervenção orientada, sobretudo, para os âmbitos psicológico, físico, cognitivo e social, identificada nas Medidas de Suporte à Aprendizagem e Inclusão, e no Relatório Técnico-pedagógico dos alunos envolvidos, desde o início, visa: mudanças nas vidas dos mesmos, colmatando necessidades, privilegiando-se os (bons) efeitos no seu processo de aprendizagem; também, a articulação direta com os outros profissionais (docentes, psicólogo, terapeutas) e, de forma, indireta, com as famílias. Nesta convergência, acreditamos estar a caminhar rumo à inclusão, quer contribuindo para o acesso ao desenho de aprendizagem realizado pelos discentes, quer para resultados mais abrangentes, com impacto no seu percurso de crescimento pessoal e social.
Palavras-chave: Inclusão, Musicoterapia na Educação, Musicoterapeuta, Aprendizagem
Bibliografia:
Adamek, M., Darrow, Alice-Ann (2005). Music in Special Education. Silver Spring, MD: American Music Therapy Association.
Bunt, L (2003). Music Therapy with Children: A complementary Service to Music Education? British Journal of Music Education, v. 20, n. 2, p. 179-195.
McFerran,, K. S. (2017). Music Therapy in schools. In B. Wheeler(Eds), Music Therapy Handbook (pp.328-338). New York: The Guilford Press.
Riccardi, P. S. (2005). Intervención musical en el alumnado con necesidades educativas especiales: delimitaciones conceptuales desde la pedagogía musical y la musicoterapia. Tavira. Revista Electrónica de Formación de Profesorado en Comunicación Lingüística y Literaria, (20), 123-139.
Stephenson, J. (2006). Music therapy and the education of students with severe disabilities. Education and training in developmental disabilities, 290-299.
JOÃO REIGADO
JOÃO REIGADO
João Pedro Reigado é professor de educação musical no ensino básico, colaborando regularmente na implementação de projetos de sensibilização à música, ao nível do ensino pré-escolar e 1.º ciclos. É doutorado em Ciências Musicais pela Universidade NOVA de Lisboa e membro integrado do CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical). Foi professor auxiliar convidado da Universidade NOVA de Lisboa, colaborando como docente nos cursos de Mestrado em Ensino de Educação Musical e na Pós-Graduação em Música na Infância: Intervenção e Investigação. É atualmente professor adjunto convidado da Escola Superior de Educação de Setúbal e no Agrupamento de Escolas da Boa Água (Quinta do Conde, Sesimbra), desenvolvendo projetos de promoção da comunicação em crianças com atraso global de desenvolvimento. É autor de vários artigos no âmbito do Ensino e Psicologia da Música.
Elementos de musicalidade na promoção da comunicação de crianças com multideficiência
Não é ainda totalmente claro por que razão a música, e particularmente o canto, pode ajudar a desbloquear os entraves linguísticos de crianças com multideficiência. Uma hipótese prende-se com o facto de que música e linguagem partilham recursos neurológicos e que a exposição à música poderá aumentar a atividade neuronal associada à codificação linguística. Outra explicação poderá residir no modo muito particular como estas crianças processam os estímulos auditivos, resultando numa afinidade particular com a música. Ou seja, através de processos de associação, estas crianças percecionarão mais coerentemente palavras quando estas estão associadas a uma melodia. Independentemente do modo como este processo funciona, há evidências práticas de que o canto pode melhorar a memória verbal destas crianças, reforçando a convicção de que a música deve ser central nas suas vidas.
O projeto aMUSe destina-se a crianças do 1.º ciclo, as quais apresentam limitações acentuadas no domínio cognitivo, associadas a limitações no domínio motor e/ou sensorial. Estas crianças exibem distúrbios neurológicos que têm como consequência dificuldades graves ou mesmo incapacidades de coordenar a fala e/ou produzir sons entendíveis.
As sessões do projeto ocorrem uma vez por semana e correspondem a um conjunto de atividades musicais que obedecem a uma orientação informal. A partir das reações naturais das crianças são promovidos processos de interação que a música pode ajudar a desbloquear, num envolvimento relacional em que todos participam. O recurso a canções sem palavras, habitualmente cantadas numa única sílaba sem significado linguístico, tem o intuito de encorajar as crianças a vocalizar libertando-se das amarras do código linguístico verbal. O modelo prático das sessões assenta em quatro pilares inter-relacionáveis: repetição; silêncio; variedade; e improvisação.
Através da repetição, quer de canções, quer de ritmos e lengalengas, pretende-se que as crianças se familiarizem com o repertório musical. A repetição é também relativa à reprodução imitativa que o adulto executa com base na produção da criança (vocal, cantada ou demonstrada corporalmente,), no sentido de devolver a compreensão e reforçar a relação comunicativa. Por comparação com a apropriação da língua materna, a utilização da repetição estabelece uma dinâmica semelhante, ainda que neste contexto parta dos elementos musicais, com vista à promoção da comunicação.
Outro elemento sempre presente nas sessões é o silêncio e o modo como é usado no âmbito da interação. Este corresponde, muitas vezes, a uma pausa mais prolongada após a execução de um elemento musical cantado. O silêncio respeita o tempo de uma eventual resposta da criança, seja esta exteriorizada em termos de produção vocal / corporal ou mentalizada.
Por outro lado, a variedade em termos de contrastes musicais (tonais, rítmicos, melódicos, expressivos, etc.) proporciona às crianças oportunidades de contacto com as diferentes características presentes no repertório musical, apresentando-lhes um terreno percetivo mais rico e encorajador para a sua fruição musical, quer vocal quer corporal.
Por último, a improvisação facilita a utilização consciente dos parâmetros da musicalidade comunicativa (pulso, qualidade e narrativas), impulsionando os elementos sonoros (e as suas características musicais) que a criança exprime, estabelecendo uma interação e uma relação comunicativa (Ansdell e Pavlicevic, 2005). Essa mobilização e esse apoio são essenciais face às dificuldades de compreensão e expressão destas crianças, as quais terão como consequência, um desenvolvimento atípico da comunicação. Uma vez que a improvisação se estabelece a partir das canções e ritmos já conhecidos da criança e das variações que se vão experimentando, o modelo aproxima-se daquilo que Barcellos (2009) descreve como técnica provocativa musical, habitualmente usada com crianças com perturbação do espectro do autismo. No âmbito destas sessões, a técnica consiste em iniciar uma frase musical reconhecida pelas crianças, para que as mesmas se sintam encorajadas a continuá-la. Assim, ao lhes apresentar vocalmente material musical incompleto, este causar-lhes-á surpresa e tensão naturais que terão como consequência a libertação daquela tensão e, desejavelmente, o completar do material musical por parte das crianças.
As atividades de canto visam assim potenciar a participação plena e relacional das crianças, para além da sua natureza exclusivamente musical. A canção é uma ponte para a musicalidade e para o jogo comunicativo, potenciando a ocorrência de trocas pré-verbais. O canto tende a acentuar a estrutura hierárquica da música e fornecer uma segmentação da estrutura temporal da interação que a criança estabelece com os outros. Os processos de imitação em crianças com multideficiência podem também ser exercitados com recurso ao canto, uma vez que este incentiva à replicação do som escutado, de forma gradual, introduzindo padrões repetitivos num ambiente interativo e mais informal. O ato de cantar reforça ainda as interações sociais simbólicas e pode vincular a aprendizagem de elementos da língua materna a um ambiente social natural - canto em grupo.
Assim, a intervenção com crianças com multideficiência baseada em atividades de canto assenta, necessariamente, na capacidade de usar a canção enquanto veículo da musicalidade, presente no diálogo estabelecido entre adulto e criança, dando continuidade à natureza inerentemente intersubjetiva e social da música (Trevarthen, 1999; Malloch, 1999). Os benefícios desta intervenção musical na interação comunicativa têm sido documentados, quer por outros professores, quer pelos pais destas crianças. Recentemente o projeto abarcou novas dimensões, tendo iniciado um conjunto de dinâmicas com os pais, de modo que os mesmos possam dar continuidade a este tipo de trabalho, para além do edifício escola. Pretende-se, deste modo, promover uma mudança de olhar sobre a Escola, para uma visão mais cooperativa da sua função. Uma escola que, sendo para todos, considera as diferenças, não as transformando em desigualdades. Este é um princípio âncora do projeto aMUSE, o qual se alicerça na relação comunicativa informal, mediada pela música, com vista à promoção do bem-estar social de todas as crianças.
PALAVRAS-CHAVE: música; comunicação; multideficiência; canção; improvisação.
REFERÊNCIAS
Ansdell, G., & Pavlicevic, M. (2005). Musical companionship, musical community. Music therapy and the process and value of musical communication. In D. Miell, R. McDonald, & D. Hargreaves (Eds), Musical Communication. Oxford: Oxford University Press, 2005, p. 193-213.
Barcellos, L. (2009). Sobre a técnica provocativa musical em musicoterapia. Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia. Curitiba: Associação de Musicoterapia do Paraná.
Malloch, S. (1999). Mother and infants and communicative musicality. Musicae Scientiae, 3(1) Suppl, p. 29–57.
Trevarthen, C. (1999). Musicality and the Intrinsic Motive Pulse: Evidence from Human Psychobiology and Infant Communication. Musicae Scientiae, p. 155-215.
EDUARDA FERREIRA
EDUARDA FERREIRA
É licenciada em Direção Coral e Formação Musical pela Escola Superior de Música de Lisboa e frequenta o Mestrado em Ensino de Música em Formação Musical na mesma instituição. Leciona as disciplinas de Iniciação Musical, Formação Musical e Coro no Ensino Artístico Especializado. Desde 2016, compõe para várias formações instrumentais, contando com dois prémios arrecadados, a participação em vários projetos – como a escrita de obras para um disco e livros didáticos - e algumas peças editadas, na Arpejo Editora e na Scherzo Editions. Desde 2019, colabora com a Associação Portuguesa de Educação Musical, sobretudo, na gravação de canções e atividades para o site Cantar Mais e na catalogação e organização do espólio do Centro de Documentação. Desde o início do ano 2023, colabora como voluntária com o projeto Música nos Hospitais. Encontra-se, neste momento, a realizar um estudo de investigação sobre as dificuldades de aprendizagem musical de alunos com dislexia.
A Dislexia e a Aprendizagem Musical
Bower e Hilgard (1981) definem a aprendizagem como uma ‘Behavior modification’1, ou da capacidade de se comportar de uma determinada forma, que resulta da prática – repetição – ou de outras formas de experiência – como observação. Em resultado da realização de diversos estudos, que têm permitido uma melhor compreensão de fenómenos psicológicos e a investigação do nosso cérebro, sabe-se, hoje, que para além da relação estímulo-resposta, múltiplos fatores interferem com o processo da aprendizagem, são eles: fatores intrínsecos, referentes a aspetos anteriormente abordados e que incluem a quantidade e qualidade da associação estímulo-resposta, a dilação do esforço, esquemas de reforço e resultados e evolução; fatores individuais, sendo eles a idade, a motivação, a experiência prévia e a personalidade; fatores sociais, que incluem a exposição a modelos/exemplos e o reforço social, reconhecendo que podemos aprender através da relação com os outros; e, por fim, fatores cognitivos, relacionado com o conceito de motivação, que irão influenciar diferentes subprocessos de aprendizagem, como a autoeficácia, êxito, experiência vicariante, persuasão social e ativação emocional. Cada vez mais a atividade docente envolve o domínio de diversas áreas inerentes aos processos de ensino e aprendizagem. Diana Dias (2018) refere que a complexidade da aprendizagem - muitas vezes espontânea e outras vezes intencional – não poderia deixar a Psicologia indiferente, pois esta reencontra-se em muitos processos básicos que a consubstanciam como ciência: desde a cognição à emoção, da perceção à atenção, da personalidade à inteligência, da motivação à resiliência.
Esta comunicação debruça-se sobre a possível relação entre a dislexia e determinadas dificuldades na aprendizagem musical. Este tema surge de um trabalho de investigação, realizado ao longo de todo o ano letivo 2023/2024, com o intuito de perceber que impacto tem e de que forma a dislexia influencia na aquisição de competências musicais e que estratégias poderemos adotar de modo a atender às características e necessidades de alunos com esta condição.
A dislexia insere-se nas Dificuldades de Aprendizagem (DA) e estima-se que afeta cerca de 10% da população mundial (Saunders et al., 2013). Em Portugal, estima-se uma percentagem de 5% (Strecht, 2018). A dislexia consiste numa condição em que os problemas na aprendizagem da escrita e da leitura estão associados a uma dificuldade em estabelecer representações fonológicas sólidas (Veiga et al., 2013, citado por Alves, 2017).
Inicialmente, acreditava-se que a dislexia era resultado de um défice de processamento visual que afetava a escrita, contudo, a sua natureza e causas continuam a ser investigadas (Oglethorpe, 2002; Tallal, 2004, citado por Silva, 2015, p.10). Diversos investigadores apontam que esta condição não é resultante de uma lesão cerebral e não tem qualquer relação causal com a inteligência, aspetos físicos, emocionais ou socioculturais. Esta condição reflete-se com maior ênfase no desempenho de atividades relacionadas com a linguagem, a motricidades fina e grossa e o processamento de informação visual, tratando-se, assim, de uma disfunção no processamento fonológico – sendo mais evidente no contexto escolar regular, nomeadamente, no 1º ciclo de escolaridade, tornando-se uma das principais causas de insucesso escolar (Shaywitz & Shaywitz, 2005, citado por Silva, 2015).
Alguns autores apontam que défices de processamento cerebelar – com origem em problemas de automatização e sincronização de capacidades motoras – poderão inibir a perceção fonológica e as capacidades de literacia (Overy, 2000, citado por Silva, 2015). Overy (2000), citado por Silva (2015), acrescentou a possibilidade de ‘os problemas de linguagem e de literacia vivenciados por disléxicos serem causados por défices motores, cognitivos ou sensoriais, que decorrem de dificuldades no processamento temporal rápido, ou seja, no processamento de informação sensorial básica que entra no sistema nervoso’.
A primeira parte desta comunicação foca-se na revisão de literatura, que auxilia a fundamentação deste trabalho de investigação, de modo a englobar possíveis problemáticas intrínsecas à aprendizagem musical. A segunda parte, contempla a partilha de estratégias e atividades transversais ao Ensino Artístico Especializado de Música e Ensino Genérico – algumas integram a bibliografia consultada, outras foram criadas no âmbito da investigação. Serão, também, partilhados dados, resultados e conclusões obtidos no decorrer deste trabalho, servindo como ponte para uma análise e reflexão conjunta.
É importante a atenção, a observação, o cuidado e o acompanhamento por parte dos professores para que, juntamente com o aluno, possam descobrir as melhores estratégias para superar as dificuldades. A deteção do problema e uma intervenção de forma a tentar minimizar os seus efeitos menos positivos na aprendizagem devem começar o mais cedo possível (Overy et al., 2003).
Palavras-chave: Dislexia – Aprendizagem Musical – Ensino
Bibliografia:
Alves, R. (2017). A Dislexia na Aprendizagem da Música. Dissertação de Mestrado, Escola Superior de Música de Lisboa, Lisboa. Visitado em novembro de 2022 em https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/8002/1/PDF%20-%20Relato%CC%81rio%20de%20Esta%CC%81gio%20e%20Tese%20de%20Investigac%CC%A7a%CC%83o%20_%20Ricardo%20Alves.pdf.
Dias, D. (2018). Psicologia da Aprendizagem – Paradigmas, Motivação e Dificuldades. Lisboa. Edições Sílabo.
Overy, K., Nicolson, R., Fawcett, A., Clarke, E. (2003). Dyslexia and Music: Measuring Musical Timing Skills. Visitado em janeiro de 2023 em https://www.inf.ed.ac.uk/teaching/courses/diss/05-06/overy.etal.pdf.
Saunders, K., Ogelthorpe, S., Marshall, K., Daunt, S., Lea, M., Ditchfield, D. & Bishop-Liebler, P. (2013). Teacher Guide To Music and Dyslexia - Music and Dyslexia Guide. British Dyslexia Association, pp. 1-26. Visitado em janeiro de 2023 em http://steelasophical.com/wpcontent/uploads/2013/10/www.rhinegold.co_.uk_download s_magazines_music_teacher_musi c_teacher_guide_music_and_dyslexia.pdf.
Silva, A. (2015). O Ensino do Piano e a Dislexia. Um contributo pessoal. (Dissertação de Mestrado, Universidade de Aveiro, Aveiro). Visitado em novembro de 2022 em https://ria.ua.pt/bitstream/10773/14711/1/Tese.pdf.
Strecht, P. (2018). Hiperatividade e défice de atenção. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Comunicações e workshops presenciais
Keynote
OSCAR ODENA
OSCAR ODENA
Oscar Odena is Professor of Education at the University of Glasgow, which he joined in 2013. Prior to this he worked at universities in England, Northern Ireland and Spain. His research expertise combines music education, creativity, professional learning and qualitative enquiry, with a focus on how music and creativity can be used as a tool for social inclusion. Publications number over eighty papers and four books, including the monograph Musical Creativity Revisited (Routledge, 2018) and the edited book Music and Social Inclusion (Routledge, 2023). He serves on the boards of five leading journals and on the review colleges of the Irish Research Council and the UK Arts and Humanities Research Council (AHRC). He is the Principal Investigator of a number of initiatives on the role of social arts programmes in complex settings, such as the AHRC The Arts of Inclusion, www.tai.international. Oscar's profile is available at www.gla.ac.uk/schools/education/staff/oscarodena/ and his publications are available at http://eprints.gla.ac.uk/view/author/29541.html.
Conceptualising Music Activities for Social Cohesion
This presentation discusses and conceptualises the uses of music activities as a tool to develop social cohesion. A review of some examples internationally will be provided. It is apparent that engagement in group musical activities in- and out-of-school has been and continues to be an effective means to develop a sense of belonging with young people. The presentation will draw on the speaker’s research on cross-community settings in Northern Ireland and migrant children in Scotland, available Open Access at the above links. Implications for research and practice will be considered, drawing on the speaker’s recent book Music and Social Inclusion (Routledge, 2023).
Workshops
ANA PEREIRA
ANA PEREIRA
Mestre em Ciências da Fala pela ESSA/Universidade Católica, licenciada e profissionalizada em Canto pelo Conservatório de Haia e em Filosofia pela Universidade de Lisboa. É bacharel em Canto pela ESML. Formadora creditada pelo CCPFC. Tem vários artigos científicos publicados e discos editados. Fundou o Teatro de Ópera Infantil do qual é directora artística. Foi-lhe atribuído o Título de Especialista em Música. Lecciona nos mestrados em Ensino Vocacional da Música no ISEIT do Instituto Piaget de Almada e nos Conservatórios de Música de Lisboa e de Mafra sendo, deste último, Directora Pedagógica.
Pequenos Cantores do Conservatório de Música de Mafra
Fundado em setembro de 2020 este agrupamento é formado por crianças dos oito aos treze anos de idade que frequentam o Conservatório de Música de Mafra e que têm canto como o seu instrumento de eleição ou que exibem um particular gosto e aptidão vocal e musical. Criado com o objetivo de ser um grupo performático de música coral infantil para vozes iguais já se apresentou, em Mafra, na Casa da Música Francisco Alves Gato, com diversos programas, na Igreja de Santo André com reportório sacro e integrado no Messais de Händel, e no aniversário do CILC em Lisboa. Em conjunto com o Estúdio de Ópera do Conservatório apresentou-se em três récitas da ópera The Mikado de A. Sullivan. Em parceria com a AMA participou no 14º Encontro de Coros Infantis no Cineteatro da Nazaré, e num programa em colaboração com a Escola Gualdim Pais de Tomar apresentouse no Convento de Cristo em Tomar e na Casa da Música Francisco Alves Gato em Mafra. Estreou a ópera infantil As Traquinices de Max e Moritz de Günther Kretzschmar em junho de 2023 na Casa da Música Francisco Alves Gato. Atualmente com quinze elementos, tem na sua direção musical e artística Ana Leonor Pereira.
PABLO CERNIK
PABLO CERNIK
Pablo Cernik es argentino y tiene el Diploma Superior en Ritmica Jaques-Dalcroze (Ginebra, Suiza).Es profesor de la Haute Ecole de Musique de Ginebra, Director pedagógico de las formaciones Dalcroze en Italia y en España. Ha divulgado la metodología en varios paises a través de talleres y congresos. Ademas de la docencia, se dedica a la musica de camara y se ha presentado en colaboracion con artistas de diferentes disciplinas.
La pulsación y su doble velocidad
Desde la metodología Jaques-Dalcroze, se experimentarán la sensación del tempo y ciertos ritmos binarios básicos, a través del movimiento corporal y la creación grupal.
CARLOS GUERREIRO
CARLOS GUERREIRO
Carlos Manuel Ramos Guerreiro, nascido em 1954. Músico, letrista, compositor, produtor musical, criador e construtor de instrumentos, professor do Ensino Especial, Escultor e Marceneiro Entalhador.
Obteve o Curso Superior de Educação pela Arte, do Conservatório Nacional de Lisboa e o Curso Profissional “Arte de trabalhar a madeira” da Fundação Ricardo Espírito Santo. Formador creditado pelo Centro de Formação Rui Grácio na área das Expressões.
É Professor de Educação Musical e Reeducação Expressiva desde 1976, em diversas Escolas e Instituições de ensino especial.
Desenvolveu no Centro de Paralisia Cerebral, ao longo de vinte anos, a criação de instrumentos musicais destinados a pessoas com limitações motoras. É Pós-graduado em Estudos da Música Popular Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa Membro do Gac entre 1976 e 1980 e membro dos Gaiteiros de Lisboa desde 1993.
É autor do livro “Sons para construir” editado pela Plátano Editora e colaborou e participou em concertos e outros projectos musicais com José Mário Branco, Zeca Afonso, Fausto, Júlio Pereira, Sérgio Godinho, Pedro Caldeira Cabral, Vitorino, Vozes da Rádio, Rui Veloso, Sétima Legião, Ritual Tejo, Deolinda, Ana Bacalhau e Diabo na Cruz.
É também autor Autor de diversas sonorizações, bandas sonoras e cenografia sonoro musical em várias peças de teatro e cinema um pouco por todo o país.
Estudioso de matérias etnomusicológicas, sobretudo na área da organologia e recolha musical.
As sementes da música: meio ambiente sonoro e fontes sonoras elementares.
É no nosso meio ambiente onde tudo começa. Vamos explorá-lo sonoramente, encontrar a música que queremos fazer e cantar. Ouvir, interpretar e criar um processo elementar para abraçar a música onde todos se incluem.
ANA QUíLEZ
ANA QUíLEZ
Diploma Superior em Piano pelo Conservatório do Liceu de Barcelona e Pedagogia Musical pela Escola Superior de Música da Catalunha. Mestre em Musicologia e Educação Musical pela Universidade Autónoma de Barcelona.
Formação em metodologias de ensino de música: Licença Dalcroze da Carnegie Mellon University em Pittsburgh, EUA. Diploma Willems do Instituto Joan Llongueres de Barcelona. Diplomada em Orff pela The San Francisco Orff School, EUA. Membro da dupla musical infantil Mendalerenda.
Coautora dos livros "A festa à fantasia" e "O grande segredo de Chopin" da Bellaterra Editorial. Coautora dos cursos online “The Costume Party” e “Mini-Athletes”.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Ministrou diversos cursos de formação para professores em toda a Espanha, República Checa, Peru, México, Argentina, Colômbia e Brasil. Atualmente é Professora de Música e Movimento da Escola Municipal de Música de Sant Boi Blai Net. e Pianista Acompanhante de Dança do Instituto Oriol Martorell - Escola Artística de Barcelona.
Mini-deportistas
Bem-vindos ao emocionante mundo da música e do movimento, onde todos são convidados a se tornarem mini-desportistas e embarcar em uma jornada inclusiva e divertida. Neste curso especial, intitulado 'Mini-desportistas', vamos explorar o tema dos deportos por meio de uma sequência didática e criativa de música e movimento.
Utilizando o poderoso jogo simbólico, cada participante será transportado para o universo dos desportistas, mergulhando em uma experiência musical única. Durante as aulas, iremos trabalhar de forma lúdica e envolvente aspectos fundamentais da música, como pulsação, ritmo, melodia e harmonia.
Vamos mostrar aos participantes que as atividades planeadas são adequadas e devem ser desenvolvidas para todos, abrindo espaço para que cada criança possa se expressar e se envolver ativamente.
Ao longo do curso, iremos explorar diferentes estilos musicais relacionados aos esportes, usando instrumentos musicais, movimentos corporais e até mesmo a voz. Cada desportista mirim terá a oportunidade de desenvolver suas habilidades musicais únicas, enquanto se diverte e promove a saúde.
Ao se tornarem mini-desportistas, os participantes aprenderão a importância de ouvir, colaborar e celebrar a diversidade de talentos.
Ao final do curso, cada criança terá ampliado suas habilidades musicais, fortalecido sua autoconfiança e experimentado a alegria de fazer música em grupo. Através dessa jornada musical inclusiva, queremos transmitir a mensagem de que, independentemente de sua condição, sempre há uma forma de participar e contribuir para a música.
Junte-se a nós nesta aventura musical e movimentada, onde a inclusão e a pluralidade são celebradas. Prepare-se para explorar novos ritmos, melodias empolgantes e descobrir o poder transformador da música na educação!"
ESTEVÃO MARQUES
ESTEVÃO MARQUES
Estêvão Marques é formado em música no Brasil. Professor no The San Francisco International Orff Course, nos Estados Unidos, com experiência em oficinas em vários países do mundo (Turquia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Espanha, Finlândia, Tailândia, Portugal, Holanda, Áustria, Noruega, Hong Kong, Taiwan e Itália).
Autor de 20 livros, entre eles a coleção Historias que cantam, e coautor da coleção de livros Brincadeiras e brincadeirinhas musicais da Palavra Cantada. Criador e diretor do curso online Mini Esportistas e Educando pela Brincadeira. Contador de histórias, fundador do Grupo Triii e tendo tocado com Palavra Cantada, Chico César, Antônio Nóbrega e com o grupo Barbatuques.
Brincadeiras musicais
Um encontro com o mundo infantil dos jogos musicais, promovendo a inclusão e diversidade. Trata-se de uma viagem encantadora ao universo infantil de diferentes países, onde os participantes serão convidados a explorar e celebrar as suas individualidades e capacidades musicais únicas. Neste workshop, todos os participantes perceberão que as atividades planeadas são adequadas e devem ser desenvolvidas para todas as crianças.
Iremos mergulhar num ambiente de aprendizagem interativa, repleto de canções, danças e ritmos inspirados em festas tradicionais de todo o mundo. Através do uso de instrumentos de percussão, como xilofones e colheres musicais, além de jogos em grupo, percussão corporal e danças, os participantes serão convidados a explorar e expressar as suas emoções, histórias e sentimentos através da música.
O workshop é fundamentado em metodologias pedagógicas como Orff, Dalcroze e Kodaly, que são reconhecidas pela abordagem lúdica e inclusiva no ensino da música. Essas metodologias proporcionam uma base sólida para criar novas formas de ensinar música, incentivando a participação ativa de todos os alunos. Através do brincar com a tradição popular, as crianças são inspiradas a desenvolver suas habilidades musicais, criatividade, trabalho em equipa e autoconfiança.
Este workshop é um convite para criar, divertir e aprender em grupo, onde cada participante será valorizado e terá a oportunidade de partilhar as suas experiências musicais individuais.
Encerramento/Concerto final
CARLOS ISAAC
CARLOS ISAAC
Carlos Isaac, é realizador, diretor de fotografia e produtor executivo. Formado na Escola Superior de Teatro e Cinema em argumento e imagem, o seu trabalho é reconhecido na produção de documentários unitários e séries documentais com distribuição nacional e internacional, em festivais de cinema e em televisões e plataformas online.
Depois de viver cerca de dez anos em Madrid, é a partir de Lisboa que desenvolve o seu trabalho com produtoras como a Blablabla Media, a Garden Films, a Bro ou a Torpedo Films. Até meio da juventude estudou guitarra clássica, tendo crescido rodeado pelas amplas referência musicais dos seus pais e avós, pelas tardes entre vinis e pelas passadas noites em salas de concerto ou em pequenos cafés-concerto de amigos dos pais.
Esse contexto musical deixou-lhe uma forte herança que nos últimos anos tem explorado na conceção de documentários e séries de cariz musical, como é exemplo o filme "Cantar, Sonhar, Tocar" que apresenta no XVII Encontro Nacional da APEM.
FRED MARTINS
FRED MARTINS
Destacado entre os artistas de sua geração, o cantor, compositor e guitarrista Fred Martins oferece um repertório tão diverso quanto qualificado e que remete aos emblemáticos compositores brasileiros.
Fred acaba de lançar o álbum “Ultramarino”, que reúne canções compostas nos anos que viveu entre Portugal e Espanha e conta com produção musical de Hector Castillo (ganhador de 4 Grammy Awards e colaborador de David Bowie, Björk, Lou Reed e Philip Glass, entre outros).
O repertório condensa de forma contemporânea elementos do samba, da bossa nova, do blues e da música ibérica como o fado e o flamenco. Fred tem oito álbuns lançados, entre eles o especial de TV A Música é Meu País, exibido pelo Canal Brasil GLOBOSAT e recentemente inserido na programação da RTP (Portugal) https://www.rtp.pt/play/palco/p8401/fred-martins-a-musica-meu-pais
Suas composições também foram gravadas e executadas por Adriana Calcanhoto, Ney Matogrosso, Maria Rita, Zélia Duncan, MPB4, Elisa Queirós, Renato Braz, Joana Amendoeira, Susana Travassos, Beth Bruno, entre outros e algumas músicas de Fred Martins fazem parte de bandas sonoras de novelas e séries da Rede Globo.
Videos do álbum Ultramarino:
- https://youtu.be/rBpGJi7_gl0 Aragem
- https://youtu.be/vAPXkpyt3N0 A Filha da Porta Bandeira
- https://youtu.be/rKrQzkZtAQs Zona Sul
Redes sociais Fred Martins:
NILSON DOURADO
NILSON DOURADO
Nilson Dourado é cantor, multi-instrumentista, compositor, arranjador e produtor musical, natural de São Paulo, Brasil. Formado em viola caipira (viola brasileira - dez cordas) pela EMESP, traz na sua bagagem influências da música brasileira, do jazz e da música do mundo. Para além do seu país de origem já atuou no Japão, EUA, El Salvador, França, Espanha, Noruega, Itália, Áustria, Argélia e Portugal onde está radicado atualmente. Na sua trajetória já trabalhou, entre estúdios e palcos, com artistas como Virgínia Rodrigues, Tiganá Santana, Susana Travassos, Luanda Cozetti, Pierre Aderne, Eugénia Melo e Castro, Celina Da Piedade, Joana Amendoeira, Tito Paris, Maria João, entre muitos outros. É integrante do projeto Rua Das Pretas. Em 2012 lançou o seu álbum de estreia, “Sabiá”, onde apresenta parte do seu universo criativo. Compôs e produziu música para dança, teatro e cinema, para além de assinar a produção musical de alguns álbuns entre Brasil e Portugal. Acabou de lançar o seu segundo álbum autoral, “Silêncio”.
WALTER AREIA
WALTER AREIA
Walter Areia
Integrou por 14 anos a Mundo Livre S/A, banda precursora do movimento Mangue Beat do Recife, com a qual recebeu, em 2005, das mãos do então ministro da Cultura, Gilberto Gil, a “Ordem do Mérito Cultural”. Em 2012, foi galardoado com o “Prêmio da Música Brasileira”. Areia também tem contribuído com nomes internacionais, tais como o guitarrista norueguês Steinar Aadnekvam; o maestro e saxofonista colombiano Antonio Arnedo e o co-inventor do Afrobeat, o africano Tony Allen; além de ter dividido palco com ilustres artistas brasileiros: Arto Lindsay, Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Nação Zumbi, DJ Dolores. Em 2016, o músico luso-brasileiro, resolve aproximar-se definitivamente da herança cultural da mãe portuguesa e passa a viver em Lisboa, onde, com o seu distinto contrabaixo de três cordas, vive encontros com artistas importantes, como Mara, Karlos Rotsen, Espírito Nativo, Fred Martins, Pierre Aderne (Rua das Pretas), Valéria Carvalho, Larry John McNally e Enquanto sobe aos palcos lisboetas nestas parcerias, Areia também desenvolve workshops, como o de “Música Aberta” no festival Mimo Amarante, e músicas em nome próprio.
JOANA AMENDOEIRA
JOANA AMENDOEIRA
Joana Amendoeira é uma das vozes mais relevantes da já chamada “nova geração do Fado”. Fiel às suas bases mais tradicionais, o Fado na voz de Joana Amendoeira ganha uma nova vida e atitude.
Joana Amendoeira nasceu em 1982 em Santarém e, desde cedo, sentiu um forte apelo para cantar o Fado. Com apenas 13 anos, participou na “Grande Noite do Fado do Porto” onde ganhou o primeiro prémio de interpretação feminina juvenil. Desde então, passou a participar regularmente em espectáculos um pouco por todo o País.
É em 1998, ano em que se estreia num palco internacional (Budapeste), que Joana Amendoeira grava o seu primeiro disco – “Olhos Garotos” – e se torna a mais jovem fadista com discos gravados.
“Aquela Rua”, editado em 2000, é o seu segundo disco, mas será com o álbum “Joana Amendoeira” (em 2003) que a fadista alcança o reconhecimento da comunidade artística, da crítica e do público. Neste ano, Joana parte em digressão por vários países como Holanda, Espanha, França e Áustria, sendo escolhida, também, para se apresentar ao vivo em diversas Feiras Internacionais de Música, como o Mercat de Musica Viva de Vic (Espanha) ou o Strickly Mundial (Canadá). Ainda em 2003, é convidada a participar no disco de tributo a Carlos do Carmo, “Novo Homem na Cidade”, a par com alguns dos maiores interpretes nacionais e internacionais: Camané, Sara Tavares, Mariza, Martinho da Vila, Tito Paris, entre outros.
O ano seguinte reserva-lhe a atribuição do Prémio Revelação da Casa da Imprensa e, depois de um grande concerto numa das mais emblemáticas salas de espectáculo do País, o Teatro Municipal São Luiz, Joana Amendoeira edita o seu primeiro álbum ao vivo. Com produção musical de Custódio Castelo, o disco “À Flor da Pele” (2006) teve edição mundial pela label Le Chant du Monde/Harmonia Mundi. Seguiram digressões pela Europa, desde o Concertgebouw, em Amesterdão, ao Royal Opera House (Londres), o Teatrum Millenáris Park (Budapeste) ou o Queen Elizabeth Hall (Londres).
Em Portugal, participa num dos mais marcantes concertos da sua carreira, com a Orquestra do Algarve, de onde nasce a ideia de juntar a sua voz e o quarteto de músicos que a acompanha a um ensemble. Em 2008, apresenta-se com esta formação na Festa do Fado (Castelo de São Jorge) e daqui surge o seu sexto álbum “Joana Amendoeira & Mar Ensemble”, gravado ao vivo, que é distinguido, no ano seguinte com o galardão de Melhor disco de Fado pela Fundação Amália Rodrigues.
“Sétimo Fado”, o seu sétimo disco, combina o fado tradicional com novas composições, arranjos para acordeão, piano, percussão e violoncelo. Apresentou-o com grande sucesso nos Coliseus de Lisboa e Porto, no Grande Auditório do CCB e em diversas salas pelo mundo.
Ao longo dos anos, Joana Amendoeira tem sido presença assídua em algumas das principais Casas de Fado em Lisboa. É aqui que partilha os ensinamentos dos fadistas mais antigos e grandes mestres músicos. Todos lhe reconhecem a voz especial, a postura, o talento. É neste contexto que, em 2012, grava “Amor mais perfeito – Tributo a José Fontes Rocha”, um disco integralmente dedicado ao seu mestre, um dos grandes compositores e instrumentistas da guitarra portuguesa.
Seguem-se dois anos de digressão, nacional e internacional, passando por Espanha, Itália, Bélgica, França, Suécia, Reino Unido, Hungria, Lituânia, Japão, Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Índia, Brasil, entre tantos outros. Em 2013, participa, em Cabo Verde, no Kriol Jazz Festival, cantando ao lado de Nancy Vieira, juntando o fado e a morna – um concerto memorável que recriam, em 2015, no Théatre de la Ville em Paris.
Em 2016 lança “Muito depois” que conta com convidados muito especiais, como Paulo de Carvalho, Pedro Jóia e Filipe Raposo. Tiago Torres da Silva assina a direcção e produção deste álbum de originais, para além de grande parte das suas letras.
Em 2019 estreia um projecto singular denominado “Os Fados do Ary” onde Joana canta as palavras do poeta do povo – poeta de abril e dedica este projecto especial à lembrança da alma fadista que sempre viveu naquele nome perpétuo da poesia portuguesa, seleccionando os fados que mais marcaram a sua obra, imortalizados por outros nomes maiores que são das suas principais referências, principalmente Amália Rodrigues e Carlos do Carmo.
Também em 2019 assina diversas participações nos álbuns “Plasticidades” dos Donna Maria onde interpreta o tema “Tua”, “Florbela Espanca-O Fado” onde interpreta o tema “Amar!” e também no álbum “Uma mulher não chora” de Renato Júnior onde interpreta “Revólver sem balas”.
Em abril de 2020 estreou “Viver a mil”, primeiro single extraído do novo álbum, o décimo disco da carreira e que se intitula “Na volta da maré”, álbum que teve a sua edição completa em Maio de 2021, onde Joana encontra a música de Fred Martins e as palavras de Tiago Torres da Silva e que conta com a participação de Pedro Amendoeira, na guitarra portuguesa, João Filipe, na guitarra clássica
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Cantar Mais
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