associação portuguesa de educação musical

Sinopse:

As dimensões de formação contínua ao longo da vida, e de desenvolvimento profissional, são pilares fundamentais para o exercício atualizado e consciente da carreira docente. Apesar dos esforços que têm vindo a ser realizados pelas instituições culturais e educacionais para o despertar da consciência e aumentar os conhecimentos dos músicos-professores no que diz respeito ao bem-estar físico dos seus alunos, esta temática carece ainda de oferta formativa específica para os professores do ensino especializado de música. É uma temática basilar para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem e da saúde dos alunos de música no nosso país. O objetivo geral deste curso é dotar os seus participantes de conhecimentos teórico-práticos sobre anatomia/biomecânica para músicos e prevenção e gestão de lesões no âmbito da prática instrumental, adequados ao seu desempenho enquanto docentes no ensino especializado de música. Com os conhecimentos proporcionados por esta ação formativa, pretende-se levar os docentes a melhor desempenhar o papel de agentes de bem-estar físico e a ser um exemplo para os seus alunos. Munidos de maior conhecimento desta temática, os docentes do ensino básico, secundário e profissional do ensino especializado de música poderão rever os planos curriculares existentes, se verificarem essa necessidade, assim como organizar eventos no âmbito dos planos anuais de atividades que contribuam para melhorar o bem-estar físico dos alunos.

Objetivos a atingir:

• Relacionar aspetos anatómicos e biomecânicos com a atividade de ensinar a tocar um instrumento;
• Alertar os seus alunos para o risco de lesão nos músicos;
• Assumir a importância de uma boa forma física para os alunos de música;
• Diferenciar exercícios de tonificação, flexibilidade e alongamento;
• Localizar as zonas do corpo mais solicitadas para tocar o seu instrumento;
• Reconhecer exercícios desaconselháveis, conforme o instrumento que se toca;
• Definir aquecimento e recuperação ativa;
• Identificar os tipos de exercícios usados para aquecer e para recuperar o corpo;
• Criar uma série de exercícios de aquecimento e de recuperação ativa para realizar com os seus alunos, adaptada ao contexto pedagógico;
• Avaliar e explicar aos seus alunos os riscos da exposição ao som para a saúde auditiva;
• Desempenhar um papel ativo na promoção do bem-estar físico dos seus alunos;
• Reconhecer sinais de alerta de desconforto físico nos seus alunos;
• Orientar os seus alunos na escolha de acessórios e tamanho/modelo do instrumento do ponto de vista da ergonomia.

Conteúdos:

Módulo 0 – Introdução ao tema/diagnóstico

Módulo 1 — No pain no gain?

• Lesões nos músicos: assunto tabu?
• O músico como um "atleta de motricidade fina"?
• As lesões nos músicos e as suas causas
• A importância de uma boa forma física

Módulo 2 — Prevenção e gestão de lesões

• Bases de anatomia e biomecânica para músicos
• Aquecimento e recuperação ativa
• Exercícios de tonificação, flexibilidade e alongamento
• Exercícios indicados, por família de instrumento
• Exemplos de exercícios desaconselháveis
• Saúde auditiva
• Organização do estudo do instrumento

Módulo 3 — O professor de instrumento como agente de bem-estar físico

• Repertório e exigência física
• Sinais de alerta para o professor de instrumento
• Acessórios (queixeira, almofada, espigão, etc.) e detalhes na escolha do instrumento
• Adaptação de exercícios ao contexto pedagógico (situação, espaço, tempo, horário, fase de desenvolvimento dos alunos)

Módulo 4 – Trabalho final

Metodologias de realização da ação:

Esta ação é de cariz teórico-prático, na medida em que serão disponibilizados conteúdos que incluem informação sobre o estado da arte, definição de conceitos e dados estatísticos, mas também será solicitada a realização prática de exercícios e ajustes posturais.

Métodos a utilizar:

• Método Expositivo: Exposição interativa dos conteúdos.
• Método Interrogativo: Técnica de formulação de perguntas para reflexão.
• Método Demonstrativo: Exemplificar como executar vários tipos de exercícios e ajustes posturais.
• Método Ativo: Atividades de prática simulada e de troca de experiências pedagógicas.

Regime de avaliação dos formandos:

• Participação nas atividades e realização das tarefas propostas: 80%
• Elaboração de reflexão crítica individual sobre as atividades desenvolvidas: 20%

Na avaliação dos/as formandos/as será dado cumprimento às determinações legais, nomeadamente os nºs 1 a 4 e 7 a 9 do artigo 4º do Despacho nº 4595/2015 do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, publicado no Diário da República, 2ª Série, Nº 87, de 6 de maio, e ao Regulamento para acreditação e creditação de ações de formação contínua, de 9 de maio de 2016, do CCPFC.

A avaliação é formalizada numa escala de 1 a 10 com a menção qualitativa de:

• 1 a 4,9 valores – Insuficiente
• 5 a 6,4 valores – Regular
• 6,5 a 7,9 valores – Bom
• 8 a 8,9 valores – Muito Bom
• 9 a 10 valores – Excelente

Bibliografia fundamental

• Engquist, K., & Olsson, I. (2024). Musicians Ergonomics. Obtido em Maio de 2024, de Artist- & Musikerhälsan: https://artist-musikerhalsan.se/en/musician-ergonomics.
• Klickstein, G. (2009). The Musician's Way: A Guide to Practice, Performance, and Wellness. Nova Iorque: Oxford University Press.
• Llobet, J., & Molas, S. (2005). A Tono: Ejercicios para Mejorar el Rendimiento del Músico. Barcelona: Editorial Paidotribo. (trad. francesa L'Entraînement Physique du Musicien. Montauban: Alexitère Editions, 2007)
• Llobet, J., & Odam, G. (2007). The musician's body: a maintenance manual for peak performance. Londres: The Guildhall School of Music and Drama.
• Türk-Espitalier, A. (2016). Musicians in Motion. Alemanha: Musikverlag Zimmermann.

Madalena Melo

Licenciada em viola de arco pela Academia Nacional Superior de Orquestra (2012), e mestre pelo Instituto Piaget (2015) e pela Universidade de Lund, Suécia (2017). Além da música, tem formação em UX Design, área que complementa o seu interesse pela ergonomia cognitiva e pela adaptação do ensino do instrumento às necessidades dos alunos. É formadora creditada pelo CCPFC.

Na Suécia, aprofundou o estudo das questões ergonómicas aplicadas à viola de arco. Durante o mestrado, frequentou a cadeira de Ergonomia para Músicos e desenvolveu a investigação "Preventing flexor tenosynovitis in viola playing – Some aspects of anatomy and basic technique of the left hand", motivada pela experiência pessoal de recuperação e pelo interesse na prevenção de lesões no estudo do instrumento. Frequentou ainda um workshop introdutório ao Método TIMANI e teve sessões práticas na Artist- & Musikerhälsan.

Atualmente, dedica-se ao ensino e à performance como violetista freelancer. Integra o corpo docente da Escola Artística de Música do Conservatório Nacional – Orquestra Geração, onde leciona viola de arco, naipe e orquestra. Nas suas aulas, explora estratégias para a promoção do bem-estar físico e cognitivo dos alunos no estudo do instrumento.

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