De A a Z para a Música na Educação
De A a Z para a Música na Educação por... Rosário Correia

Rosário Correia
Desenvolve a sua actividade profissional como professora de música e como diretora coral.
Licenciou-se em Direção Coral pela Escola Superior de Música do Instituto Politécnico de Lisboa. Concluiu o Curso Geral de Música no Conservatório de Música de Lisboa em flauta transversal, canto e composição.
Foi durante seis anos flautista da Orquestra Sinfónica Juvenil. Frequentou os cursos de Música Barroca da Casa de Mateus em flauta transversal barroca e os cursos de Música Ibérica em Canto (Portugal e Urgell). Frequentou vários cursos intensivos de Direção Coral sob a orientação de vários professores como Anton de Beer, Edgar Saramago, Erwin Lizt, Pepe Prats, Laslo Heltay, Martin van Tilburgh, John Roos, Ger Hovius e José Robert.
Concluiu o curso de Direção Coral da Academia dos Amadores de Música de Lisboa e organizou durante seis anos os cursos internacionais de Direção Coral de Sines, com o Centro Cultural Emmerico Nunes.
Frequentou os workshops do Mosteiro dos Jerónimos ligados à Polifonia Portuguesa e os cursos de Metodologia Kodály promovidos pelo Museu da Música Portuguesa e Pedagogia de Canto com o Prof. Vianey da Cruz. Foi professora de coro, formação musical e flauta na Escola Profissional de Arcos do Estoril e directora do Coro La Follia, do Coro da Universidade Internacional e do Instituto Superior Técnico. É professora de Educação Musical e diretora do Coro Lusíada desde a sua fundação.
Clique no seguinte link para ler este A a Z:
A
de Acordai e de A cappella.
Acordai obra musical de F.L.Graça com poema de José Gomes Ferreira. A força do texto, a simplicidade e beleza melódica da escrita musical conseguem criar uma atmosfera límpida, cheia de intensidade musical, tão característica na obra deste compositor.
A cappella termo utilizado para designar a polifonia sem acompanhamento do sec. XV e XVI. Quando as vozes se bastam a si próprias e conseguem criar vibrações, harmonias, cumplicidades são das melhores experiências que o ser humano pode usufruir. Construir estas experiências com as crianças é muito gratificante para elas e para nós.
B
de Benjamin Britten (1913-1976).
Compositor Inglês que, em 1946, compõe para o documentário educacional britânico a obra musical “The young person’s guide to the orchestra”. Um conjunto de variações e fuga baseado no 2º andamento da “Suite Adbelazer” de Henry Purcell. Uma obra essencial para a divulgação dos instrumentos de orquestra e ligação ao tema, à forma e aos instrumentos barrocos.
C
de Concerto.
O termo remonta à renascença às peças policorais escritas por compositores como Giovanni Gabrieli. O Concerto, audição pública, acontecimento que reúne os músicos e o público num mesmo momento e espaço, numa vivência musical conjunta. É importante na formação a audição e a proximidade aos músicos, assim como também as audições do trabalho musical dos alunos. A apresentação pública implica compor, criar, cantar, colaborar, tocar, ensaiar, participar, …
D
de Direção Coral.
Técnica necessária para o trabalho coral. O gesto e a intenção. O som coral. Conhecer as potencialidades de um grupo e desenvolvê-las. Com o intuito de melhorar o Movimento Coral em Portugal foi lançado no Verão de 1989, pelo Centro Cultural Emmerico Nunes em Sines, o 1º Curso Internacional de Direcção Coral. Durante seis anos consecutivos foram professores Anton de Beer, Edgar Saramago, Martin van Tilburg, John Roos e Vianey da Cruz, que divulgaram e ensinaram Direção Coral, dentro da técnica da escola holandesa.
E
de Eric Ericson (1918-2013).
Maestro sueco que se destacou pela sua qualidade técnica. Para muitos jovens, cantar num coro significa o seu primeiro contacto com a música e deve ser por isso uma experiência gratificante e de qualidade. Defendeu que cantores e professores de formação musical devem ser também diretores corais. Em Portugal estamos no bom caminho. Realizou com mais dois maestros o livro “Choral conducting”, editado pela Walton Music Corporation New York, método que abarca todas as vertentes da direção coral.
F
de Francisco d’Orey (1931-2020).
Maestro, produtor, animador e divulgador musical. Para a RTP (1970 -75) realizou o programa “Inventário Musical”, foi co-produtor e assistente musical do programa “Povo que Canta” de Michel Giacometti e Concertos em Diálogo com Manuel Jorge Veloso. São programas a rever. Dirigiu inúmeros coros, entre eles o Coro da Universidade de Lisboa, com o qual ganhou o 1.º prémio em música de câmara (no Festival Eistedfodd de Middlesborough, 1968), o coro da Juventude Musical Portuguesa, o Coro Eborae Música e o Grupo Vocal Arsis. A sua sonoridade coral era muito própria, musicalmente inspirado e foi inovador nas abordagens cénicas em concerto. O espaço físico e a acústica serviam sempre para explorar as temáticas e sonoridades musicais.
G
de Gostar, de F. L. Graça e de Guitarra.
Só se pode gostar daquilo que se conhece. Uma das vertentes importantes do professor é dar a conhecer, alargar os horizontes, debater e explorar temáticas com os alunos.
F. L. Graça (1906-1994) foi um compositor profícuo que acompanhou todo o século XX. Quanto mais se ouve, mais se descobre e mais se gosta. A sua obra musical tem despertado o interesse, estudo e a gravação pelos jovens músicos. As crianças tiveram lugar na sua criação musical. As obras “A menina do mar”, “Aquela nuvem e outras” e o “Presente de Natal” são exemplo disso.
Guitarra Clássica, instrumento de cordas que muitos alunos têm e que pretendem aprender nas escolas. É um óptimo meio de trabalho musical em grupos pequenos, evolutivo na técnica do instrumento e no conhecimento de pequenas obras musicais ao longo da história da música. Desde o início habituam-se à prática de conjunto.
H
de Helena Lamas (1932-2019).
Professora de música e piano. Entre várias atividades e programas ligados à rádio e à televisão, foi organizadora dos concertos do Grupo de Música Antiga de Lisboa. Tita Lamas como era conhecida, foi a grande impulsionadora da Animação Musical a partir de 1974 através da Juventude Musical Portuguesa e em 1981 como presidente do Grupo Animação Musical. Debatiam-se ideias, preparavam-se programas e formas criativas de levar a música às escolas. Muitos de nós fizemos aqui a nossa primeira aprendizagem pedagógica e criativa no ensino da música.
I
de Intérprete / Instrumento musical.
Jordi Savall (1941) gambista, professor, maestro e especialista em Música Antiga. Deu voz à Viola da Gamba e à música antiga ibérica. Formou os agrupamentos Hespèrion XX em 1974, la Capella Reial da Catalunya em 1987, e Le Concert des Nations em 1989, com os quais apresentou reportórios da Idade Média ao séc. XVIII. Excelente músico catalão, com um longo percurso de concertos e gravações.
Folias de España – Jordi Savall https://youtu.be/5Frq7rjEGzs
J
de Joly Braga Santos (1924-1988).
Compositor e professor de composição do Conservatório Nacional de Música. A 4ª Sinfonia foi composta em 1950 e foi dedicada à Juventude Musical Portuguesa, instituição da qual foi um dos fundadores. A obra termina com o “Hino à Juventude” com texto do poeta Vasconcellos Sobral (1930-2016). Tem um significado especial ouvir este hino tocado pela Orquestra Geração que tem proporcionado a muitos jovens uma excelente formação musical e humana.
K
de Kodály, Zoltán (1882-1967).
Compositor, etnomusicólogo e professor húngaro cuja metodologia para o ensino da música está mundialmente difundida. A par da excelente obra orquestral e de câmara deu especial importância à música coral.
“Esti dal” Cantemus Children’s Choir da Hungria. https://youtu.be/1MKZ1O21M80
“Turot eszik a cigany” pelo Gondwana choral School https://youtu.be/lcgLk_QojYc
L
de Lundum da Figueira.
“Noutros tempos a Figueira da Foz dançava o Lundum”, canção dançada com ritmo sincopado. Recolha de Pedro Fernandes Tomás (1853-1927). Esta obra sugere-me inúmeras atividades com os alunos. F.L.Graça na 1ª suite “Viagens na minha terra” apresenta-nos uma versão orquestral (1969), gravada pela Orquestra Sinfónica de Budapeste em 1980, e uma versão para Piano solo (1953/54), gravada pela pianista Joana Gama em 2019.
M
de Museu da Música Portuguesa e de Maria Helena Pires de Matos (1938-2011).
Esta instituição museológica foi fundada em 1987 e reúne hoje os espólios de Michel Giacometti, Fernando Lopes-Graça, Álvaro Cassuto e o arquivo histórico do Sindicato dos Músicos. Além da investigação promovida no Centro de Documentação, o museu tem um programa de atividades com exposições, visitas guiadas, ação educativa e concertos. Os concertos comentados para as escolas são realizados com a OCCO, e a Maleta Pedagógica, um acordeão gigante, é uma caixa de instrumentos tradicionais, com réplicas da coleção Giacometti e que antecedem a visita à exposição permanente. Em 2008 e durante cinco anos consecutivos, o museu promoveu os cursos creditados de Formação de Professores sobre a metodologia Kodály. Foram professores László Nemes do Instituto Kodaly da Hungria e Cristina Brito da Cruz, da ESML.
Maria Helena Pires de Matos (1938-2011), dedicou-se ao estudo e ensino do canto gregoriano, tendo trabalhado com vários especialistas, e foi investigadora em paliografia musical e história da liturgia. Foi professora do Instituto Gregoriano, da Escola Superior de Música de Lisboa, da Universidade Católica do Porto e directora do Coro Gregoriano de Lisboa desde a sua fundação (1989). Sob a sua direção o coro foi distinguido com o prémio “Choc” do Le Monde de la Musique e com o Diapason d’Or. Destaco as grandes qualidades de professora exigente, entusiasta e incentivadora. Introitus: Da Pacem,… gravação de 1997
N
de Notação Musical.
Sistema de escrita que representa graficamente uma obra musical. A notação tem uma história longa e complexa. Continua a ser um mundo a explorar.
O
de Orquestra Sinfónica Juvenil.
Foi fundada em 1973. É uma orquestra de jovens com atividade permanente e tem desempenhado um papel fulcral na formação de jovens músicos, numa perspetiva de experiência, aperfeiçoamento e profissionalização. Ainda continua a ter grande importância no meio musical, no tempo em que surgem outras orquestras e grupos de câmara de jovens. Para aqueles que não seguem a profissionalização fica-lhes a experiência musical enriquecedora que é tocar em orquestra.
P
de Património.
É um conjunto de bens importantes para a transmissão da memória e da identidade cultural. O livro “História da Música”, da autoria de Rui Vieira Nery e Paulo Ferreira de Castro, apresenta uma visão de conjunto da evolução da música em Portugal desde o período medieval até aos nossos dias. É uma edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Os Órgãos históricos de Machado e Cerveira e Peres Fontanes, da Basílica do Palácio de Mafra, são um exemplo vivo de um património histórico e músical único no mundo. Formam um conjunto instrumental de seis órgãos, capazes de tocar em simultâneo. Situação inédita no mundo e que nos dá a conhecer um conjunto de obras de época, e tem estimulado a criação de novos arranjos e novas obras musicais. António Leal Moreira (1758-1819) “Sinfonia” para a Real Basílica de Mafra (seis órgãos)
Q
de Quadros de uma Exposição.
Obra do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881), para a exposição dos quadros do seu amigo Viktor Hartmann. A obra foi originalmente composta para piano (1874) e posteriormente foi realizada uma versão orquestral (1922) por Maurice Ravel. Para além da audição comentada das duas versões, pode servir de mote para estimular a criatividade dos alunos na escolha de uma obra musical e uma obra de pintura, ou até na criação de novos quadros.
R
de Sergei Rachmaninov (1873-1943).
Compositor russo, dedica as “Vésperas” à memória do musicólogo Stephen Smolenski. Nesta obra o compositor incorpora muitos cânticos tradicionais que acabam por influenciar as suas próprias melodias, criando uma unicidade ao longo da obra. A peça “Bogoroditse Devo”, transporta-me para Roma, à Chieza di Sant’ Ignazio, no ano de 1997, ao V Concurso Corale Internazionale di Musica Sacra “Giovanni Pierluigi da Palestrina”, onde participei com o Coro Universidade Lusíada, tendo ganho o 1º prémio.
S
de Stefano Landi (1586-1639).
Harpista, guitarrista, organista, cantor, compositor Italiano do princípio do Barroco. “Balletto delle Virtu” é uma peça instrumental com ritmo motivador que tem tido grande sucesso na sala de aula. Música + Ritmo + clavas + movimento L’Arpeggiata é um grupo de música antiga que ganhou um grande destaque no meio musical.
T
de Tafelmusik de Telemann .
G. P. Telemann (1681-1767), compositor do barroco alemão. A obra musical Tafelmusik é uma coleção de obras instrumentais publicada em 1733. É amplamente conhecida e tornou –se simbólica na tradição da música para acompanhar banquetes e entreter convidados ilustres. “Tafelmusik” consiste em três produções com vários concertos e formações. Apresenta um virtuosismo instrumental brilhante.
U
de Universal.
São vários os exemplos de que a música pode servir como meio para o conhecimento, entendimento e união entre os povos. O maestro Daniel Barenboim (1942) e o teórico literário Edward Said (1935-2003) idealizaram e fundaram em 1999, a orquestra jovem West-Eastern Divan, com músicos dos países do Médio Oriente com sede em Sevilha. José Antonio Abreu (1939-2018) fundou em 1975 “El Sistema,” um projecto de Educação e Integração Social através da música com coros e orquestras juvenis e infantis da Venezuela. Têm sido criados projetos semelhantes em outros países, a exemplo a Orquestra Geração em Portugal.
V
de Voces 8.
Grupo com um total domínio vocal, equilíbrio na sonoridade de conjunto, afinação cuidada e escolha de reportório eclético.
W
de Workshops.
Momentos importantes de formação para ampliar a experiência musical, adquirir novos conhecimentos técnicos, contactando com outros músicos e especialistas. Destaco aqui os Cursos Internacionais de Música Barroca da Casa de Mateus, que tiveram início em 1978 e as Semanas de Música Antiga Ibérica com Jordi Savall e Montserrat Figueras em 1979. Foram importantes para a divulgação e motivaram o estudo da música antiga em muitos lovens músicos.Os Cursos Internacionais de Direcção Coral, do Centro Cultural Emmerico Nunes tiveram início em 1989 e os Cursos Kodaly para professores no Museu da Música Portuguesa em 2008, deram a conhecer metodologias de trabalho importantes para o ensino e para prática musical.
X
de Xilofone / balafon / marimbas.
O Xilofone faz parte do núcleo de instrumentos do inventário de uma sala de Educação Musical. O primeiro compositor a escrever para este instrumento foi Camille Saint-Saens na peça “Dança Macabra” (1874). https://youtu.be/qNMzBnuBC6Y
Até ao sec. XIX, o xilofone era chamado de balafon. https://youtu.be/L58-Y3BWrpE
Catching shadows de Ivan Trevino https://youtu.be/e8zzOtKJgSc
Y
de Youtube.
Muito importante pelas possibilidades de acesso universal à música, com o visionamento de vídeos musicais de todas as épocas e estilos. Já muitos músicos de qualidade reconhecida utilizam este meio de divulgação. É, pela sua característica, mais um elemento a contribuir para o enriquecimento das aulas de música.
Z
de Zarambeque.
Zarambeque é uma dança e forma musical do séc XVII e princípios do séc. XVIII, com raizes na América Colonial espanhola. Martin Chambi Jiménez (1891-1973) fotógrafo Peruano. Foi um dos primeiros grandes fotógrafos indígenas da América Latina. Reconhecido pelo grande valor documental Histórico e étnico das suas fotografias. A “Imagem e a Música” https://youtu.be/jnkhkhKgHqg
A APEM
A Associação Portuguesa de Educação Musical, APEM, é uma associação de caráter cultural e profissional, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, que tem por objetivo o desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação musical, quer como parte integrante da formação humana e da vida social, quer como uma componente essencial na formação musical especializada.
Cantar Mais
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http://www.cantarmais.pt/pt
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