De A a Z para a Música na Educação
De A a Z para a Música na Educação por... Martim Sousa Tavares
Martim Sousa Tavares tem 27 anos, é maestro, comunicador e outras coisas que venha a querer fazer com ou sem a música. Estudou ciências musicais e direção de orquestra entre Lisboa, Milão e Chicago, onde foi bolseiro Fulbright e Eckstein Foundation.
Martim Sousa Tavares
Martim Sousa Tavares tem 27 anos, é maestro, comunicador e outras coisas que venha a querer fazer com ou sem a música. Estudou ciências musicais e direção de orquestra entre Lisboa, Milão e Chicago, onde foi bolseiro Fulbright e Eckstein Foundation.
Trabalhou com orquestras de sete países e dedica-se sobretudo ao trabalho com jovens, sendo fundador e diretor da Orquestra Sem Fronteiras, com a qual se irá apresentar em dezenas de locais na Raia Ibérica ao longo de 2019.
Ativo desde 2014, tem-se assumido como uma voz inovadora e cada vez mais central no campo da comunicação em música. Paralelamente compõe, escreve e desenvolve trabalho de curadoria no âmbito do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen e é coordenador de projetos pedagógicos com o Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.
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Acredito que a música, tal como as restantes artes, serve uma função formativa antes mesmo de ser uma experiência de encontro com a beleza. Beleza essa que está lá, muitas vezes, apenas como “isco para atrair o ouvinte”. Gosto muito desta ideia, de Celibidache, que entendia a música como canal privilegiado para transmitir mensagens. Desde há muitos anos, no entanto, a música clássica parece bastante votada a ser um meio em que muito se exploram alguns dos seus benefícios - Estéticos, Físicos ou psicológicos - e se esquecem as suas funções iniciais e primárias: Gerar raciocínios, associações de ideias, ser agente de transformações pessoais. Só dessa forma pode a música operar sobre a Humanidade e melhorá-la, e era assim que a entendia já a filosofia dos antigos.
Interessante o conceito, mas difícil de explicar: então a música é uma língua, ou o Jogo abstracto dos sons, como lhe chamava Stravinsky? Não procuro levantar a questão da música programática vs. música absoluta, mas sim o conceito discreto e algo esquecido de ter a música uma inteligibilidade que vai para além da simples beleza dos sons.
Kandinsky, por exemplo, teve uma das mais importantes epifanias da sua vida criativa ao ouvir um concerto com obras de Schoenberg. Aconteceu assim: guiado pelos sons da nova Linguagem atonal, a Música ensinou ao Notável pintor coisas sobre a forma, que este procurava e errava. Outro caso foi o de Paul Klee, a quem Bach ensinou a fazer inversões, retroversões e fugas sobre uma tela. Queriam estes pintores soluções para o que fazer com as cores, e encontraram-nas nos sons.
Parece-me que a justificação para estas Revelações através da música está no simples facto de que ambos os pintores Sabiam de facto escutar e procurar mais do que apenas bonitos trechos na música que ouviam. Porque não Tentamos então uma educação para a música, visto que pode trazer tão boas associações e avanços no raciocínio? Neste sentido, creio que é Urgente distinguir aquilo que é educação musical e a educação para a música. Venho até propor mais exemplos: uma educação para a leitura, uma educação para a filosofia, uma educação para a beleza e o que fazer com ela. Em suma, uma educação para as artes, para que as artes voltem a ser educativas, qual paradoxo utópico.
Wackenroder e a sua geração de românticos apaixonados acreditavam que na beleza se escondia a verdade. Fazia parte de serem naïves, mas pelo menos procuravam um significado na arte.
Se procurasse apenas beleza e uma massagem auditiva, cada concerto que frequento seria para mim uma Xaropada insuportável, e teria passado ao lado de uma experiência plena. Tal como se experimentasse Yoga julgando que é apenas uma boa forma de relaxar o corpo e a mente durante uma hora.
Em suma, defendo e sonho com uma nova pedagogia, destinada a Zelar pela preservação da música enquanto patamar onde as ideias se encontram e se estimulam, e não apenas uma forma de arte velha e permanentemente condenada à previsível repetição dos clássicos, por ser onde o nosso ouvido, incapaz de verdadeiramente escutar, encontra maior quantidade de beleza.
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A Associação Portuguesa de Educação Musical, APEM, é uma associação de caráter cultural e profissional, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, que tem por objetivo o desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação musical, quer como parte integrante da formação humana e da vida social, quer como uma componente essencial na formação musical especializada.
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